O clima que começou a ficar tenso no final do primeiro dia do julgamento de Lindemberg Fernandes Alves, 25 anos, piorou na terça-feira, no segundo dia do júri. A advogada do jovem, Ana Lúcia Assad, chegou a ofender a juíza Milena Dias e a bater boca com os advogados de acusação e com a promotora Daniela Hashimoto.

Continua depois da publicidade

O clima pode ser usado pela advogada como argumento para abandonar o júri e adiar o julgamento, alegando que há cerceamento de defesa. Na terça-feira, houve um momento em que ela ameaçou deixar o plenário. Lindemberg é acusado de matar a ex-namorada Eloá Cristina Pimentel, 15 anos, e manter três amigos dela reféns em outubro de 2008 no apartamento da vítima, em Santo André (SP).

A jovem chegou a ficar em cárcere privado por mais de quatro dias antes de ser alvejada por um tiro na virilha e outro na cabeça. O depoimento do réu ocorreria após sete testemunhas, mas acabou suspenso. Por volta das 23h, a juíza decidiu interromper o júri por uma série de discussões em torno dos registros na ata envolvendo acusação e defesa.

O bate-boca mais ríspido entre a advogada de defesa e a juíza foi no início do depoimento da perita Dairse Aparecida Lopes. A advogada já havia terminado de questionar a testemunha, mas no final dos questionamentos da acusação pediu para fazer outra pergunta.

Continua depois da publicidade

A juíza disse que Ana Lúcia já havia feito as perguntas e que poderia retomar a questão no momento final, quando há debates entre acusação e defesa. A advogada insistiu no questionamento, alegando que ele era necessário pelo “principio da descoberta da verdade real”. Em tom irônico, a juíza respondeu que o termo não existia ou não se chamava assim. E a advogada retrucou:

– Pois, então, a senhora deveria voltar a estudar.

A frase causou reação de espanto na plateia e indignação na promotora, que afirmou:

– Gostaria de alertá-la que se houver desacato à autoridade, a senhora pode ser responsabilizada. E isso, ao meu ver, foi desacato – completou.

A advogada afirmou, então, que estava havendo cerceamento de defesa desde o primeiro dia de júri. Depois da confusão, a juíza resolveu autorizar que a defensora fizesse novamente a pergunta.

Continua depois da publicidade