Nascido e criado no interior do Rio de Janeiro – nas cidades de Carmo e Nova Friburgo -, Egberto Gismonti sonhava desde menino ser músico e gravar um disco. Aos 67 anos é autor de mais de 60 álbuns e um dos maiores compositores brasileiros de música instrumental. Academia de Danças (1974), Trem Caipira (1985) e Dança das Cabeças (1977) são alguns de seus principais trabalhos. Amanhã (3) à noite, no Teatro Ademir Rosa, ele apresenta um concerto inédito em Florianópolis, dentro da programação do Jurerê Jazz Festival, interpretando composições próprias junto com a Orquestra à Base de Sopro de Curitiba. Confira a entrevista que o multi-instrumentista concedeu por e-mail ao Anexo.

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A música instrumental é mais reconhecida e valorizada fora do Brasil?

Na realidade eu não acho que a música instrumental tenha mais espaço ou seja mais valorizada no exterior. A experiência que tenho vivido há anos me mostra que a música instrumental, como qualquer outra, tem reconhecimento proporcional à sua proposta. Logicamente o exterior é muito maior do que o Brasil. Por isso, lá fora o reconhecimento é maior se considerarmos que o artista tem acesso e trabalha em muitos países.

Com as mudanças no mercado fonográfico e a maneira de se consumir música, fala-se muito que o artista deve ser empreendedor. Você concorda com isso?

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Nos anos 80, criei minha gravadora, a Carmo, que produziu 32 LPs de músicos brasileiros que não tinham acesso às gravadoras profissionais. Em seguida, ela passou a ser distribuída pela EMI- Odeon. Nos anos 90, os discos da Carmo foram distribuídos em 40 países pela ECM Records. Hoje, ela é coprodutora da ECM e produtora das minhas turnês, além de fazer coproduções para cinema, balé, teatro etc. Por ter aprendido a lição de empreendedorismo nos anos 70 e 80, criei uma editora que hoje é representada em muitos países e me possibilita administrar de forma correta os direitos relativos às minhas músicas. O século 21 determina que os músicos devem “tocar” a sua vida, além dos seus instrumentos.

O que você gosta de fazer quando não está trabalhando com música?

Considerando que a música me proporciona viajar pelo mundo, quando não estou trabalhando estou conhecendo novas pessoas, lugares, cidades, culinárias, livros e reencontrando os amigos que são residentes em todos os cantos. Por falar nisso, não consigo imaginar coisa melhor do que ouvir as histórias dos amigos que vivem em outros países, outras línguas, outras culturas, é uma riqueza!

Que artistas você ouviu ultimamente e recomendaria?

Desde os anos 80/90 recebo CDs, demos, partituras de pessoas que encontro em todos os cantos que viajo. Há muitos anos, decidi ouvir tudo atentamente, respondendo detalhadamente a todos. Com o passar dos anos, determinei que o máximo seriam 10 por mês. Assim tenho feito desde os anos 90. O exercício da escuta somado à “obrigação” que me impus de responder, me ensinaram que existem somente duas músicas: a que preciso ouvir para viver e a que certamente precisarei no futuro para continuar vivendo.

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Agende-se

O quê: apresentação de Egberto Gismonti com a Orquestra à Base de Sopro de Curitiba, no Jurerê Jazz Festival

Quando: domingo (3), às 20h

Onde: Teatro Ademir Rosa – CIC (Avenida Gov. Irineu Bornhausen, 5.600, Agronômica, Florianópolis)

Quanto: a partir de R$ 90, R$ 45 (meia) e R$ 72 (Clube do Assinante – titular e acompanhante), à venda no Blueticket

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Informações: jurerejazz.com