Pontal do Jurerê é uma das preciosas belezas da Ilha de Santa Catarina. É um istmo – pedaço de terra cercado de água por todos os lados, menos um. Neste lado estão a Cordilheira do Forte de São José da Ponta Grossa e o rio Papaquara, divisor de águas da Reserva dos Carijós.
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O Pontal do Jurerê reúne quatro grandes áreas: o Loteamento Daniela, as áreas de preservação permanente da Reserva, a Praia do Tavinho e o Pontal propriamente dito que, paulatinamente, em seu final, junta as areias que prosseguem, inexoravelmente, em direção à Ilha de Ratones Grande, sede da Fortaleza de Ratones.
Essa fortaleza integra o histórico triângulo de proteção do Norte da Ilha, junto com os fortes da Ponta Grossa e o da Ilha de Anhatomirim. Essa linha divisória separa maritimamente as baías norte e sul. Quando tem onda de um lado, não tem do outro, formando uma perigosa região de areias movediças. Esse é o Pontal.
É nele que se delineia a Profecia do Ermitão. Lá morou, a partir da década de 1970, por mais de 30 anos, seu Olívio, um marinheiro aposentado que vivia solitariamente, sem luz, sem água, com o simples aconchego de seu pobre casebre, cujas ruínas ainda hoje resistem ao tempo.
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Seu Olívio vinha com frequência à freguesia da praia, onde comprava carne seca, sal, farinha, café e pilhas grandes para seu companheiro permanente: um portentoso rádio de pilha. Água, ele acumulava da chuva. Era tão simpático quanto o seu Lindoca, outra figura histórica que todos os dias, com roupas da Comcap e um chapelão de palha, deixava um primor as areias do Pontal do Jurerê.
A uns duzentos metros do Pontal, na orla marítima, existia uma floresta petrificada, que era a fonte de energia e calor do ermitão. Para cruzar ao Pontal, era preciso algum exercício, para desviar dos galhos duros e pontiagudos. Esses foram, progressivamente, desaparecendo pelo corte permanente, surgindo hoje o que se denomina Cemitério dos Galhos, constituído por tocos que sobraram da floresta. Instado por órgãos de proteção ambiental a deixar a reserva, seu Olívio buscou outra morada…
Lá, na junção das duas baías, está a Ponta dos Desejos. Nela, são três pedidos que, com oração, podem ser invocados, simbolizando promessas de conquistas de amor, saúde e sucesso. O segredo é não contá-las a ninguém, mas existe um castigo imposto por seu Olívio: quem percorrer a caminhada de cinco quilômetros, ida e volta, sempre descalço, na direção das promessas, não deve nunca tropeçar nos tocos da floresta. Cada tropeço elimina os pedidos. Para readquiri-los, é preciso repetir o cruzamento do Cemitério dos Galhos. É a lenda, a profecia do ermitão do Pontal do Jurerê!
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