Porque gosto de desafios, costumo pedir aos meus contatos do Facebook que me desafiem com sugestão de temas. É também uma forma de medir as angústias da sociedade. Somos uma sociedade angustiada, por tanta exposição, pelo contato imediato com as agruras humanas. Assunto da semana, a exposição censurada no Rio Grande do Sul foi recorrente entre os comentários.
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Acontece que sou ditador. Dito o que meu coração não cala, e os dedos teclam. Não falarei de censura. Havia até escrito sobre a exposição Queer, mas tanto já se falou, que a crônica seria apenas mais um ruído na comunicação. Além disso, creio que o texto Moralismo pornográfico, de Fernando Brito, publicado no site Tijolaço, define bem a questão.
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À parte esse tema, pipocaram em sequência pedidos para se falar de liberdade, beleza, respeito, vento, flores e cores. Porque é preciso respirar, diante de tanto assunto, de tanta opinião, tanta discórdia e tanto retrocesso. Coisas que as redes sociais escancaram e angustiam (lembra?).
Quem acompanha este espaço deve ter lido nas últimas semanas que ando fugindo de embates e dedicando-me à jardinagem e às cartas. No fundo do meu quintal, a primeira hora da manhã é dedicada à rega, à poda e ao encantamento com as folhas que rompem a terra e preenchem o espaço com couves, alfaces, salsinhas, tomates e manjericões, enquanto um cheiro de café exala da cozinha. Mais tarde, as brisas vespertinas levam para longe boa parte de minhas angústias.
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Parece tão pouco, mas é tanto! É por liberdade, João; por lindezas, Marisa; por serenidade, Taísa; por equilíbrio e poesia, Silvia; por respeito, Andiara; por felicidade, André; por flores e cores, Mauro.
O mundo continua acontecendo lá fora, não tem como não ser tocado por isso, mas é ao vento que mais me sinto humano. Ah, se voássemos! Ah, se soubéssemos que o ar é de graça e tem o poder de infiltrar-se em nossos sistemas, de dar esperança, de arejar a mente, de entender que ser livre é poder decidir entre discutir inabilmente e contemplar com sabedoria.