Andam matando nossos sonhos. Todo dia um pouco, cada dia mais, e a cada sonho que morre, morremos um pouco também. Não acho que o ser humano seja de boa índole. A cada página de um livro de história, mais me convenço de que a humanidade não veio pronta, pisou a Terra para aprender, mas, como aprendiz, tem dado mostras de que bilhões de anos se fazem necessários, talvez uns três meteoros, dois derretimentos árticos e algumas dizimações.

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As revoluções em qualquer sentido têm se mostrado ineficazes e pueris, exceto a Industrial, que mecanizou o mundo e abriu as portas para a tecnologia digital e o individualismo. Com o tempo, o ser humano deu um jeito de desvirtuar as coisas, de incluir algumas de suas infames características no contexto: egocentrismo, ganância, sede de poder e de vingança. O que era promissor, o sonho de liberdade e conquistas, tornou-se algoz da humanidade.

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Se o sistema capitalista é imperfeito e tem fracassado, o comunismo é uma utopia, que não me impede a preferência, deixo dito. Não estamos preparados para viver em comunhão, não estamos preparados para dividir. Obstinados, buscamos o topo, a conquista, o primeiro lugar, como se isso bastasse para a felicidade. Quem está no poder não quer abrir mão. Porque o que era para ser poder de comando para o bem comum virou poder pessoal. Nesta semana, presenciamos a morte da moral do Superior Tribunal Federal, que, diante de um desacato à autoridade, passou a mão na cabeça do réu, poderoso que é. Nesta semana, vimos a morte da democracia, como temos visto, paulatinamente, à esquerda e à direita.

Daí que me pus a pensar sobre o resto de minha vida, provavelmente sem aposentadoria (você certamente entende). Verei um novo ciclo de poder? Uma ditadura fundamentalista? Estarei diante de públicos leitores de meus livros ou mendigarei pão por poesia que escreverei à mão, em praças, ofertando a casais? Como morrerei? Sentado em frente à TV, provavelmente, mas que eu tenha forças para usar o controle remoto e que meu último suspiro suceda um ataque de risos por uma piada boba de um programa bobo, que me faça esquecer o que realmente somos.

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