Um corpo que salta, um braço estendido, um músculo retesado, um ponto, um gol, um recorde. Ou a queda. Olhar fixo, suor no rosto, sorriso aberto. Ou a queda. O grito, a explosão, o que foi feito, o que virá. O sonho, o tempo, o saldo. A pista, a quadra, o campo. O tiro, o pódio. Ou a queda. Expectativa e treino. Anos de entrega, segundos de desafio. De tanto é feito um evento esportivo! Com tantos é feita uma olimpíada. Ou um país.

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Afazeres, compromissos e responsabilidade não me permitem colar os olhos na TV por horas a fio, como gostaria, para ir do tênis de mesa ao vôlei de praia e, depois, num clique, cair na piscina, saltar para o tatame. São poucos os minutos que me sobram para mirar o ginásio, onde enormes talentos em corpos pequenos saltam e se penduram, mas posso ver Jades, Danieles e Flávias a se contorcerem com graça e responsabilidade.

Tempo para um café, a TV da padaria me mostra Rafaela Silva, superando dores do passado e pintando de dourado sua estrada. Para outros judocas, a queda. O tiro de Felipe num Rio de Janeiro de balas perdidas encontrou o alvo e valeu prata. Na tela do computador, revejo a perfeição dos movimentos de uma Simone estadunidense genial. Um Vanderlei, solto e sorridente, acende a pira olímpica porque venceu, mesmo perdendo.

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Nas Olimpíadas, as lágrimas se misturam para dor e alegria ocuparem a mesma atmosfera, salgarem os lábios e marcarem vidas. Há queda e superação respirando o mesmo ar. Há vitórias sem medalhas, quando um novo Hugo e sua raquete igualam o resultado histórico de olimpíadas atrás. Há derrota com medalha, na prata de quem merecia ter vencido.

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O esporte sempre me comoveu, por seus personagens, por sua história, porque somos humanos e temos corpos que sustentam almas. É de alma que devem ser feitos nossos dias, alma para receber em casa povos de todas as cores, credos e nações, de hastear a bandeira da Palestina e abraçar refugiados.

Mas não basta ter orgulho em dias de festa, é preciso dedicação o tempo todo, como os atletas que por anos se prepararam, porque no Brasil de hoje convivemos com mais quedas do que pódios. Não estou falando de esporte agora.