As crianças chegaram em certo alvoroço, como é comum em dias de atividades extracurriculares. A atividade do dia era o encontro com um escritor, de verdade, como costumam dizer as crianças, imaginando que há escritores de mentira. Talvez existam…(vontade de colocar um emoticon de pensamento aqui).

Continua depois da publicidade

Acomodaram-se em tapetes dispostos no chão, de olhos atentos ao escritor de verdade, que parecia um tanto comum. Em alguns cubos foram distribuídos todos os livros do convidado, que falou sobre a vida de escritor e contou pequenas histórias. Os olhares indicavam interesse e envolvimento, um momento mágico, como ele gosta de pensar. Não demorou e uma das crianças perguntou se os livros estavam à venda. Sim, respondeu o escritor.

– Quanto? – Perguntou o aluno, que ficou satisfeito com a resposta e, instintivamente, esfregou as palmas das mãos.

Ao final, uma das alunas aproximou-se um tanto apreensiva, pois queria comprar um dos livros, mas o dinheiro ficara na mochila em sala de aula, e talvez a professora não a deixasse voltar, já que o turno terminara e a van estava à espera. O autor pediu que ela chamasse a professora, e ficou sabendo que não era permitido vender livros ali.

Várias escolas têm tomado essa postura, sei até de escola em que a diretora não permite tirar os livros da embalagem para que os alunos não estragarem (também fiz essa cara que você está fazendo agora).

Continua depois da publicidade

Leia as últimas notícias de Joinville e região

Paralelamente a isso, vemos a dificuldade do Instituto de Cultura e Educação em manter viva a Feira do Livro de Joinville. Muitos acham que a Feira do Livro é realizada pelo poder público e obtém lucro com a venda de livros, daí criticam e criticam. Saibam que vocês estão indo na contramão da história, levando nossas crianças de volta à Idade Média, com um agravante: o poder de disseminação de ideias estúpidas na internet. Quem lucra com a venda de livros são as distribuidoras – e quem os compra, claro.

O escritor tentou argumentar com a professora da menina, dizendo que o que oferecia não eram drogas, mas livros. Foi ignorado, como a Feira do Livro de Joinville vem sendo ignorada, como se livro fosse coisa do passado. Como se fosse um objeto desimportante. Como se não houvesse amanhã.