Da última vez que o mundo não acabou, fazia um dia de sol daqueles que a gente nem quer mesmo que o mundo acabe. Era quinta-feira e um asteroide deveria chocar-se contra a Terra, causando um tsunami e devastando a vida por aqui.
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Parece que estamos bem e a vida continua. Contudo, estima-se que existam cerca de mil cometas e asteroides à solta no espaço e com potencial para aterrissar em nossos campos. Andei lendo a respeito (é preciso estar preparado para acontecimentos como este). Descobri que há uma chance de sobrevivência em caso de impacto catastrófico como o que não ocorreu nesta semana: abrigar-se no subterrâneo. Hum! Podemos levar uma médica, um filósofo, uma agrônoma, um cozinheiro e crianças, numa espécie de arca da humanidade. Deixei claras minhas escolhas?
Há um enorme porém: o futuro, depois disso, terá chuva ácida ou fenômenos naturais intensos e, quiçá, outras pessoas de arcas subterrâneas alhures disputando abrigo e comida. Confesso que temo mais isso do que um asteroide.
Não é a primeira vez que se cogita catástrofe assim. Outras teorias de extinção foram divulgadas. Na virada do milênio, eu soube de pessoas que resolveram gastar todas as economias para viver intensamente o fim dos tempos; e de quem abriu mão da moral; e de quem, num arroubo, abandonou família para viver paixão incontida. No dia seguinte, devem ter restado vergonha e arrependimento, ou vida nova.
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Em minha passagem por aqui, que vai entre a década de 1970 e hoje, vivi várias expectativas de catástrofes acompanhadas de fim de mundo. Tenho sobrevivido intacto e cada vez mais cético a teorias astronômicas e religiosas. A gente vai criando casca, não é? Vai descobrindo que o mundo não acaba por qualquer coisa, seja um asteroide de um quilômetro de diâmetro ou o término de um amor aos dezessete anos, quando, na frente do portão de casa, ela entregou-se a novo romance.
Não, dessa vez também o mundo não acabou.