Há mais de um ano, chegava às livrarias de Joinville Uma Árvore que Dá o que Falar, obra escrita por Jura Arruda e direcionada ao público infantojuvenil. Na história, nasce um pé de livro, de onde frutificam letras. O escritor falou com o jornal “A Notícia” sobre a repercussão da obra e comentou a relação do joinvilense com a árvore. Confira:

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A Notícia – A publicação de seu livro Uma Árvore que Dá o que Falar já completou um ano. Como foi esse primeiro ano de divulgação da obra? Como ela foi recebida pelo público?

Jura Arruda – Por ser uma publicação independente, sem a força de uma distribuidora nacional, trabalhamos mais a região Norte do Estado. O livro é encontrado nas livrarias de Joinville, mas a maior divulgação tem sido feita de forma direta, por meio de encontros e palestras. Quanto à receptividade do público, acho que não poderia ser melhor. Muitas pessoas comentaram comigo que se emocionaram com o livro e estão recomendando a obra para amigos e familiares.

AN – O que o inspirou para escrever a história?

Arruda – A ideia nasceu de uma conversa com Roberto Pascoal, que na época trabalhava no Projeto Escolas do Sertão. Com a venda de camisetas, ele construiu três bibliotecas no interior do Piauí. O livro foi pensado para integrar esse projeto. A partir daí, o processo criativo foi acontecendo naturalmente. Se falava em sertão e analfabetismo, uma árvore cujos frutos são letras pareceu fantástica, no sentido mais amplo, e um bom caminho para promover uma revolução no vilarejo.

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AN – Por que associar árvores e livros?

Arruda – Árvores e livros estão juntos, associados, de certa forma. O papel os une. E a partir daí há uma série de analogias possíveis: ambos dão sombra e frutos.

AN – No seu livro, a árvore tira um vilarejo da ignorância pelas letras. Esse vilarejo é uma metáfora sobre situações e lugares pelos quais passamos?

Arruda – É, acho que pode ser visto assim. As metáforas nos meus livros acontecem quase que por acaso. Quando escrevo, penso nas possibilidades da história, nos conflitos e nas soluções. A metáfora se dá no meio disso, e pelos olhos do leitor. Acho que essa metáfora que você citou é boa. A ignorância está por aí, à solta, todos já vivemos alguma situação provocada por ela.

AN – Como você descreveria a relação do joinvilense com a árvore?

Arruda – Acho que já houve mais respeito. Me causa certa revolta olhar para nossas praças cimentadas, quase inóspitas. Talvez percebamos um pouco tarde a importância delas (árvores e praças) em nossas vidas. Contudo, Joinville ainda consegue manter (por força de leis) bastante de seu verde. Mais que outras cidades que visitei. Mas, me permitindo um trocadilho, é uma relação que precisa ser regada.

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