Houve um período no mundo em que reinou a escuridão. Isso não quer dizer que não houvesse alguns fachos de luz; houve, o Sol insistia. Mesmo o escuro precisa da claridade para ser denominado. Esse tempo ficou conhecido por um sem-número de guerras por territórios e forte intervenção da Igreja. Foi, provavelmente, o tempo de maior decadência humana.
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Contudo, nesse período, alguns fachos de luz romperam a escuridão: surgiu a sociedade moderna, foram criados conceitos como Estado, nação e universidade; foi criado o garfo (ah, o garfo! Um de meus insrumentos favoritos. Ao lado do ohashi). Foi criado o livro.
A escuridão da Idade Média tem seu espaço e importância na condição humana, mas é inegável que, por causa da interferência religiosa, a ignorância predominou, o que gerou os nomes Idade das Trevas e Espessa Noite Gótica.
Então religião é ruim? Não. Um dos conceitos de que mais gosto é o de que religião vem do latim religare: religar, unir novamente o humano ao divino. Acrescento: religião é caminho e não fim. É por onde se escolhe caminhar para alcançar a essência divina, a energia primordial, Deus, como queira. O que causa distorções e escuridão é justamente acreditar que é a própria religião a meta. Isso é o que gera intolerância religiosa, preconceito e escuridão.
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Você já pensou se nossa espiritualidade tivesse evoluído nos últimos dez séculos como evoluiu a tecnologia no último? Estaríamos mais próximos do nosso divino. Mas ao abrir as páginas dos jornais, ao ler nos portais de notícia, ao ligar a televisão, vejo uma sombra enorme se aproximar, um imenso abismo causado pelo não entendimento, pela informação equivocada, pela intolerância.
Prefiro a noite com estrelas, gosto de luz. Espero não acordar um dia em meio a uma nova espessa noite gótica. Que a religião seja caminho para a evolução espiritual de cada um, mas que haja respeito pelos diversos pensares; que as coisas do mundo sejam olhadas sem fundamentalismo, com respeito ao humano, por menos divino que pareça.