Das bebidas, talvez seja o vinho a mais admirada e decantada. No sentido, este, de celebração, não de purificação, ainda que o próprio tenha, é sabido, o poder de purificar almas maculadas por desamor ou desencanto. Sua história remonta aos tempos de Noé ou da Babilônia, cristãos e gregos nunca chegarão a um acordo, enquanto enólogos dizem que o dito é fruto do acaso, talvez por um punhado de uvas amassadas esquecidas em um recipiente e que fermentaram. Ah, o ser humano! Sempre adaptando o que dá errado para criar o caminho do certo. Bem, qualquer que seja sua origem, o vinho ganhou variedade, notoriedade e status. Mais ainda no inverno, estação que combina muito bem com o rubro licor.
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Sei que há um vinho derivado de alguma nobre uva para cada prato, mas não sou rebuscado tomador de vinho que o submeta aos órgãos dos sentidos, nem o degusta em local apropriado, com boa iluminação ou em taça adequada. Creio ser mais parecido com o soldado Hananyahu, assírio talvez, que 600 a.C. escreveu a um amigo uma mensagem em um pedaço de cerâmica, pedindo que este lhe enviasse mais vinho. As coisas não deviam estar muito bem para Hananyahu, em meio a alguma dessas mil incompreensíveis guerras por território, e beber era o que lhe restava para dar algum sentido à vida. Não quero dizer com isso que minha vida não esteja boa, é que o vinho, por ser vinho, me basta, e por ser o medicamento que rejuvenesce os velhos, cura os enfermos e enriquece os pobres, como disse Platão.
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O pedaço de cerâmica de Hananyahu foi encontrado por arqueólogos somente em 1965 e, por esses dias apenas, descobriram que não se tratava de reveladoras escrituras, mas de um traço histórico da sociedade da época, e da importância de se ter um bom vinho ao lado, como bem o disse Napoleão Bonaparte: “Nas vitórias é merecido, nas derrotas é necessário”. Eu, envolto no inverno que chegou, entoo que, “com o passar dos vinhos, os anos ficam melhores”, frase de autor desconhecido, ou quem sabe descubram os arqueólogos, de autoria também de Hananyahu, escrita em outro pedaço de cerâmica, após mais um gole diante do rio Tigre.
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