Helen chegou à estação de metrô do Brooklyn com um misto de irritação e dor. O relacionamento com Stephen não era longo, mas o apego era enorme e o rompimento fê-la cair num abismo. O primeiro trem chegou, pessoas saíram, pessoas entraram e ela não quis embarcar. O trem partiu. O aglomero de pessoas, por um segundo, se desfez e no espaço que se abriu ela viu Ciro Ortiz, sentado em uma cadeira de madeira, com os braços apoiados sobre uma pequena mesa. Fixado com uma fita cinza havia um papelão onde se lia: “Emotional Advice US$ 2,00”. Um novo trem chegou e um novo aglomero se formou, ela rompeu a massa de gente até chegar ao menino de 11 anos que oferecia conselhos sentimentais.
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Helen não existe de verdade, nem Stephen. Mas Ciro Ortiz, sim. Ele tem estado na estação de metrô do Brooklyn, em Nova York, todos os domingos entre o meio-dia e as duas da tarde, oferecendo conselhos a quem padece das dores que os remédios não dão conta. E qual a base da sabedoria desse menino para oferecer saberes de viveres?
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Ciro tem alma sensível e, segundo a mãe, passou por momentos difíceis, sofreu bullying na escola. Sua sensibilidade uniu-se a uma força incomum para a maioria das pessoas que passam por situações de constrangimento. Diante da maldade alheia, ele resolveu ajudar os outros ao invés de se isolar. Conta a mãe também que no primeiro dia, Ciro estava muito nervoso e inseguro, mas alguns domingos depois, dizia: “Conheci tantas pessoas espetaculares. Vou ficar com tantos amigos!” Há domingos em que o menino atende a mais de 20 pessoas, que reagem muito bem aos seus conselhos, dizem que são bastante maduros.
O que Ciro nos ensina, mesmo sem que precisemos pagar-lhe dois dólares, é que a vida é aprendizado e que isso requer olhar para dentro, entender a si e o que você representa no mundo que o cerca. Depois, compartilhar. Porque é assim que se troca energia, que o ar se renova, que a vida acontece.
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(Conselho de um menino que já passou dos 11 anos e que já passou por uma estação de metrô sentindo-se triste e só.)