Na virada do século 15 para o 16, um cidadão sem ética narra sua história. Ele é protagonista da grande descoberta das terras do além-mar, das Américas. Johan Padan embarcou meio sem querer numa caravela em Sevilha, na Espanha, e foi parar do outro lado do oceano em 1492. O ator carioca Julio Adrião é quem dá vida ao personagem em A Descoberta das Américas, espetáculo solo que terá curta temporada em Florianópolis entre os dias 29 de novembro e 1º de dezembro.

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O monólogo dirigido pela italiana Alessandra Vannucci estreou em 2005 no Rio de Janeiro e propõe uma renovação da linguagem teatral ao apostar na simplicidade, minimalismo e numa interpretação enérgica, dinâmica e com comunicação direta com o público. Por isso antes das apresentações na Capital, no espaço cultural Circo da Dona Bilica, no Morro das Pedras, Julio Adrião ministra a oficina Narrativa Física Solo, em que compartilha a metodologia de trabalho como ator que desenvolveu a partir do espetáculo – um divisor de águas em sua carreira, segundo ele.

A Descoberta das Américas não é uma história engraçada nem divertida – salienta o ator.

Baseado no texto do italiano Dario Fo, a peça trespassa 40 anos na vida de Johan Padan na recém-descoberta América. Em cena, Adrião dá vida a todos os personagens cúmplices da chegada dos europeus ao Novo Mundo, os índios, espanhóis, portugueses, cavalos, até galinhas.

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Ao mesmo tempo em que narra essas histórias, ele vive o que está contanto, desde entrar em navio errado, domar cavalo bravo, escapar de virar comida de índio, trapacear espanhol, tudo numa incontável mistura de sotaques e mímicas, o ator somente, em pele, emoção, carne e osso.

– O espetáculo é muito atual porque fala de humanidade, fraternidade, violência. O herói sofre na transformação de sua alma. E nós somos isso, o Brasil é isso, ninguém é só uma coisa.

Contar a ação / Fazer a ação

A Descoberta das Américas gerou interesse de atores e do público por conta de uma metodologia de trabalho que não chega a ser uma técnica, segundo Adrião. Por isso depois de oitos anos de sucesso ele decidiu montar oficinas e compartilhar o que aprendeu e desenvolveu.

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– A ideia é o trabalho do ator no exercício solo. Muito mais importante que conhecer o texto, é fundamental conhecer a história que se está interpretando.

Para ele, o ator é o autor do texto falado e das ações que narram a história. Partindo do princípio que teatro nada mais é do que uma história a ser contada, a oficina tem seu foco no desenvolvimento da narração.

Julio Adrião tem 53 anos. Atua, produz e dirige peças de teatro. Foi contemplado em 2005 com o Prêmio Shell / RJ de melhor ator pela performance em A descoberta das Américas. Além de uma vasta carreira nos palcos, tem também carreira consolidada na TV e no cinema. Em 2007, participou da série Amazônia, da TV Globo, no papel de Távora. Nas telonas, atuou em filmes como Verônica, de Maurício Farias, Sudoeste, de Eduardo Nunes, e Tropa de Elite 2, em que interpretou o governador Gelino.

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:: Agende-se

O quê: Oficina Narrativa Física Solo

Quando: 24 a 27/11, 19h às 23h,e 30/11, 10h às 14h

Onde: Circo da Dona Bilica (rua Manoel Pedro Vieira, 601, Morro das Pedras, Florianópolis)

Quanto: R$ 200

O quê: Espetáculo A Descoberta das Américas

Quando: 29 e 30/11, 20h30, e 1º/12, 20h

Onde: Circo da Dona Bilica (rua Manoel Pedro Vieira, 601, Morro das Pedras, Florianópolis)

Quanto: R$ 20 / R$ 10 (meia)

Informações: (48) 3028-3351