O sonho de Juliana Neves, 38 anos, não mede mais do que 1,5 m de altura e aperta os olhos, protegidos por óculos, quando sorri. Antonio, oito anos, é o presente que Joinville deu para a manezinha. Chegou pequenininho, carecendo de colo e proteção, transformando para sempre a ligação da bióloga com a cidade do Norte do Estado.
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Juliana aguardou pela realização do seu sonho durante quatro anos, desde que entrou para a fila de adoção. A espera coincide com a chegada dela a Joinville. Recém-formada em biologia, ela deixou Florianópolis para acompanhar o marido, que trabalhava na cidade.
– Em meu primeiro mês morando aqui, choveu 30 e tantos dias seguidos. Eu, garota da praia, apaixonada pelo Sol e pelas paisagens naturais iluminadas, achei que seria o fim.
A adaptação não foi imediata, mas aos poucos Juliana tirou proveito do clima e do aconchego da cidade. Na expectativa de montar uma nova família por aqui, candidatou-se ao processo junto à Vara da Infância e Juventude para ser mãe.
– Meu sonho sempre foi adotar uma criança. Penso que o mundo já tem tanta gente, por que eu faria mais uma? – justifica Juliana, que frequentemente é questionada sobre o porquê de não ter filhos biológicos.
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Antonio surgiu em um momento intenso para Juliana. De uma hora para outra, ela se viu tendo de embalar o pequeno em frente ao computador, enquanto concluía dissertação de mestrado.
– A partir de 2009, Joinville se tornou efetivamente o meu lar. É a cidade que trouxe meu filho ao meu colo. Um filho calmo e sossegado, que ama Joinville tanto quanto eu, apesar de toda a família morar em Floripa.
Mesmo o término do casamento de 12 anos, motivo que havia trazido ela à cidade, não quebrou o elo de Juliana com as terras chuvosas. Pelo contrário.
No lugar da decepção, o empreendedorismo aflorou com força e ela decidiu que colocaria em prática sozinha os planos que tinha com o ex-marido. Além de trazer uma marca de sucos orgânicos, a ReVivo, para a cidade, ela montou um bistrô com cardápio exclusivamente de comidas naturais, um refúgio em meio à região central de Joinville, com horta e jardim. O estabelecimento foi inaugurado no ano passado.
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– Justamente no ano em que passei pelo divórcio, e que poderia ter tomado a decisão de retornar a Floripa, minha terra natal onde estão todos os familiares, fiz o contrário: decidi, mais uma vez, apostar em Joinville e instalar de vez meu negócio aqui. E, a cada dia, percebo o quão acertado foi essa decisão.