O Julho Amarelo é o mês da campanha que alerta para a importância do diagnóstico precoce e tratamento adequado contra as hepatites virais B e C, consideradas Infecções Sexualmente Transmissíveis (IST). De 2015 a 2023, os casos de hepatites tiveram uma queda de 34% em Santa Catarina. A hepatite B reduziu de 1.622 casos em 2015 para 1.045 em 2023. Já os casos de hepatite C tiveram redução de 1.399 para 948. Os dados são da Diretoria de Vigilância Epidemiológica (DIVE).

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Segundo a médica infectologista Regina Célia Santos Valim, gerente de Vigilância das Infecções Sexualmente Transmissíveis (IST) da DIVE, esta redução dos casos pode estar relacionadas às ações de tratamento da doença incentivadas pelo sistema de saúde nos últimos anos, mas também pode ser reflexo de uma subnotificação.

Por isso, a especialista ressalta a importância da testagem para o diagnóstico precoce da doença e realização do tratamento adequado.

— O exame das hepatites, tanto B quanto C, estão disponíveis nas Unidades Básicas de Saúde (UBS) de todo território catarinense. Recomendamos que todas as pessoas procurem essas unidades para fazer o seu teste e saber o quanto antes se são portadoras ou não dessas duas doenças, ou da hepatite B ou da C, e ser tratada adequadamente no serviço de saúde — alerta a médica.

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Além da testagem, existem outras formas de prevenção para essas infecções. Para a hepatite B há vacina oferecida gratuitamente na rede pública de saúde. A primeira dose deve ser aplicada no bebê logo ao nascer e as demais doses (vacina pentavalente) aos 2, 4 e 6 meses de idade. Pessoas não vacinadas nesta faixa etária podem receber a vacina gratuitamente em qualquer momento, independentemente da idade, em um esquema de três doses.

A hepatite C não tem vacina, mas, segundo a médica, seu tratamento consegue mais de 95% de resolução da doença. Mesmo assim,  é importante se prevenir não compartilhando com outras pessoas qualquer objeto que possa ter entrado em contato com sangue, como: seringas, agulhas, alicates, escova de dente, e outros objetos de uso pessoal, além de sempre usar preservativos nas relações sexuais.

As hepatites

As hepatites virais são um grave problema de saúde pública no Brasil e no mundo. É uma infecção que atinge o fígado, causando alterações leves, moderadas ou graves. Na maioria das vezes são infecções silenciosas, ou seja, não apresentam sintomas. Entretanto, quando presentes, podem se manifestar como: cansaço, febre, mal-estar, tontura, enjoo, vômitos, dor abdominal, pele e olhos amarelados, urina escura e fezes claras.

As infecções causadas pelos vírus das hepatites B ou C frequentemente se tornam crônicas. Contudo, por nem sempre apresentarem sintomas, grande parte das pessoas desconhecem ter a infecção. Isso faz com que a doença possa evoluir por décadas sem o devido diagnóstico. O avanço da infecção compromete o fígado sendo causa de fibrose avançada ou de cirrose, que podem levar ao desenvolvimento de câncer e necessidade de transplante do órgão.

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Segundo o Ministério da Saúde, o impacto dessas infecções acarreta em aproximadamente 1,4 milhão de mortes anualmente no mundo, seja por infecção aguda, câncer hepático ou cirrose associada as hepatites. A taxa de mortalidade da hepatite C, por exemplo, pode ser comparada ao HIV e tuberculose.

Tratamento hepatite B

A Hepatite B não tem cura. Entretanto, o tratamento disponibilizado no SUS objetiva reduzir o risco de progressão da doença e suas complicações, especificamente cirrose, câncer hepático e morte. Os medicamentos disponíveis para controle da hepatite B são a alfapeginterferona, o tenofovir desoproxila (TDF), o entecavir e o tenofovir alafenamida (TAF).

Tratamento de hepatite C

O tratamento da hepatite C é feito com os chamados antivirais de ação direta (DAA), que apresentam taxas de cura de mais 95% e são realizados, geralmente, por 8 ou 12 semanas. Os DAA revolucionaram o tratamento da hepatite C, e possibilitam a eliminação da infecção.

Todas as pessoas com infecção pelo vírus da hepatite C (HCV) podem receber o tratamento pelo SUS. O médico, tanto da rede pública quanto suplementar, poderá prescrever o tratamento seguindo as orientações do Protocolo Clínico e Diretrizes Terapêuticas para Hepatite C e Coinfecções. Pacientes em fase inicial da infecção podem ser tratados nas unidades básicas de saúde, sem a necessidade de consulta na rede especializada para dar início ao tratamento.

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*Sob supervisão de Andréa da Luz

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