O julgamento de Luciano Antônio da Silva, 29 anos, acusado de torturar e matar a menina Ana Bely, em maio do ano passado em Campo Alegre, Norte de SC, e da mãe dela, Sirlei de Fátima Lima, 29 anos, julgada como coautora do crime, começou na manhã desta segunda-feira, mas não tem previsão para terminar tão cedo. A previsão é de que acabe apenas perto das 3h da madrugada de terça.

Continua depois da publicidade

O júri popular, realizado em São Bento do Sul com a participação de sete jurados é assistido por cerca de 25 pessoas, inclusive parentes dos réus. O primeiro a prestar depoimento foi o legista Jorge Ricardo Flores Paqueira, que fez o laudo onde foi apontada a causa da morte da menina.

O médico falou sobre as lesões e mostrou imagens chocantes sobre a autópsia. Ana Bely aparecia com arranhões no rosto, dois dedos com falta de pele (possivelmente queimados) e várias manchas roxas pelo corpo que teriam aparecido duas semanas antes da morte e outras mais recentes.

O médico mostrou ainda as lesões na boca da menina, que acredita serem causadas por violência. Além do gesso no braço esquerdo por causa de duas fraturas, Jorge Ricardo diz ter encontrado dois fios de costela quebrados, assim como o osso de uma perna.

Continua depois da publicidade

– São lesões incomuns para uma criança desta idade. Só sendo aparecendo em acidentes de trânsito ou queda de altura. Numa trauma acidental, normalmente é nas pontas dos ossos, e não no meio – explica.

As falas do médico foram questionadas pelas duas defesas. Enquanto a advogada de Luciano questionou se chineladas teriam causado aquelas lesões, o defensor de Sirlei tentou argumentar sobre a possibilidade dos machucados não terem sido identificados pela família.

O segundo a entrar no Tribunal foi José Luiz dos Santos, 20 anos, irmão mais velho de Ana Bely. Ele voltou a dizer que a mãe se preocupava com a filha e perguntava sobre os machucados. O padrasto respondia, segundo ele, dizendo que eram quedas ou que havia se ferido na porta.

Continua depois da publicidade

José Luiz voltou a falar sobre o que o irmão, que é surdo e mudo, contou em gestos sobre o ocorrido. O garoto teria contado que Ana Bely estava chorando e que Luciano bateu nela. Ele lembrou ainda que um mês antes da morte, a menina chorava e só queria ficar com a mãe. Não queria mais ficar com o padrasto.

Outra pessoa a falar para o júri foi a diretora da escola em que Ana Bely estudava, Maira Juceli Pereira, em defesa de Sirlei. Ela contou sobre os constantes desmaios da menina e no pedido para que Luciano levasse a criança para o médico.

A diretora conta que chegou a questionar o padrasto sobre o machucado do pé, mas ele teria se defendido, dizendo que era mordida de rato. A menina teria deixado de ir à escola um mês antes de morrer.

Continua depois da publicidade