Começou, na tarde desta segunda-feira, a maratona de defesa dos réus do julgamento do mensalão no Supremo Tribunal Federal (STF). A ordem das falas foi assim definida: primeiro, José Luis de Oliveira Lima (que representa José Dirceu), seguido de Luiz Fernando Pacheco (José Genoino), Arnaldo Malheiros Filho (Delúbio Soares), Marcelo Leonardo (Marcos Valério) e Hermes Guerrero (Ramon Hollerbach).

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Técnico, didático e incisivo, o advogado Marcelo Leonardo, o quarto a se pronunciar, falou por uma hora na tribuna do STF. Responsável pela tarefa de defender Marcos Valério, apontado pelo Ministério Público Federal como “operador” do mensalão, Leonardo dissecou uma por uma as nove acusações que recaem sobre Valério. Voltou a confirmar o caixa dois de campanha e a negar a compra de apoio parlamentar.

Leonardo sustentou que Valério tinha relação de empregador com seus funcionários citados na ação penal e de prestador de serviço com o poder público, portanto, sem formação de quadrilha. O advogado assegurou, ao cruzar saques e resultados de votações no Congresso, que não houve compra de apoio político.

Para dar corpo à tese, Leonardo citou o PT gaúcho, que recebeu recursos para quitar dívidas de campanha, fato denunciado pelo Ministério Público do Estado. Negou a troca de favores com a Câmara dos Deputados e garantiu que as empresas de Valério cumpriram os contratos de publicidade firmados. Outro ponto refutado com veemência foi o uso de recursos públicos nas operações. Citou perícias que indicam que o fundo VisaNet é privado, que não recebe verbas do Banco do Brasil. Ao término dos 60 minutos de fala, reforçou o pedido de absolvição do cliente.

– Marcos Valério não é troféu ou personagem para ser sacrificado em altar midiático.

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Advogado de Delúbio admite caixa dois, mas nega a existência do mensalão

Falando em defesa do ex-tesoureiro do PT, José Genoino, o advogado Arnaldo Malheiros Filho adotou uma estratégia diferente das dos defensores que o precederam na tribuna: admitiu que o seu cliente cometeu um crime.

Malheiros disse que, como tesoureiro do partido, Delúbio participou de ações que caracterizam caixa dois. Assumiu a arrecadação de recursos para quitar dívidas de campanha, mas negou a existência do mensalão.

Para negar a tese de que o governo comprou apoio de parlamentares, Malheiros distribuiu gráficos que mostrariam, segundo eles, que os supostos repasses ocorreram por ocasião de votações que o Planalto perdeu.

Genoino é perseguido por ter sido presidente do PT, afirma advogado

Representando o ex-presidente do PT, José Genoino, Luiz Fernando Pacheco começou citando o passado de guerrilheiro do cliente e afirmou que ele está sendo perseguido por ter presidido o PT.

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– Ele (Genoino) não é réu pelo que fez ou deixou de fazer, mas é réu pelo que ele foi (presidente do PT). É o direito penal nazista: “foi presidente do PT, então tem que ir para a cadeia” – disse.

Pacheco negou a existência do mensalão e afirmou que Genoino, como presidente do partido, não lidava com finanças e tratava apenas com as relações políticas envolvendo o PT, o governo Lula e os demais partidos

Advogado de José Dirceu diz que o réu “não é quadrilheiro”

Por volta das 14h30min, o ministro Ayres Britto, presidente do STF, abriu a sessão e passou a palavra ao representante de José Dirceu. Lima pediu que o julgamento se guie por critérios técnicos e não políticos, e que José Dirceu seja julgado pelo que consta nos autos e não pela sua militância partidária do passado.

O advogado, em suas alegações, tentou desqualificar depoimentos de testemunhas e concentrou os ataques no ex-deputado Roberto Jefferson, responsável por denúncias em 2005. Ele definiu como “um bom teatro” os discursos de Jefferson.

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Em uma hora, Lima negou que houvesse uma relação de proximidade entre José Dirceu e o publicitário Marcos Valério, afirmou que o seu cliente não comandava o PT no período em que foi ministro-chefe da Casa Civil e que Dirceu não era chefe de quadrilha. Ele também prometeu uma defesa técnica e fiel à legislação:

– O meu cliente não é quadrilheiro. A defesa de José Dirceu será escrava da Constituição.

Defensor de Ramon Hollerbach nega participação em esquema

Último a falar, Hermes Guerrero, que defende o ex-sócio de Marcos Valério, Ramon Hollerbach, insistiu na inocência do seu cliente afirmando que os depoimentos colhidos, mesmo das testemunhas de acusação, não caracterizam participação do réu no suposto esquema.

Veja como foi a cobertura ao vivo: