Pelo menos dois episódios mostram que a magistrada encarregada de julgar o pedido de prisão do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, Maria Priscilla Ernandes Veiga de Oliveira, 42 anos, é rígida com réus. Em 2008, a juíza condenou a três anos de prisão o porteiro Robson Nunes, de 28 anos, por tentativa de assalto. Ele reclamou da sentença, por não ter sido reconhecido pela vítima em juízo. A juíza manteve a prisão, argumentando que a vítima não reconheceu o criminoso porque teve medo.
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Em 2014, o advogado Antônio Hipólito de Souza representou criminalmente contra Maria Priscilla e o delegado João Otávio Spaca de Souza, por “abuso de autoridade”. Segundo o advogado, eles teriam mantido um suspeito preso por “período excessivo” e “de forma arbitrária” — o indiciado Albert Silva Santos, detido por ato obsceno, desacato e resistência à prisão. A juíza alegou que tinha problemas pessoais com o advogado, e o Órgão Especial do Tribunal de Justiça mandou arquivar, por unanimidade, a representação contra a magistrada.
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Fatos como os dois descritos acima firmaram entre os colegas de Maria Priscilla a imagem de que ela é linha dura, aplica penas altas e não costuma revogar prisões ou conceder liberdade provisória. A juíza tem 16 anos de carreira, e há dois faz parte do Fórum Criminal da Barra Funda, o principal de São Paulo. É titular da 4ª Vara Criminal. Antes disso, Maria Priscilla, formada em Direito pela Universidade de São Paulo (USP), trabalhou em Ribeirão Preto (SP) e Embu das Artes, cidade da Grande São Paulo.
Postagens no Facebook mostram que é defensora intransigente de animais e apaixonada por gatos (tanto que chegou a tatuar a imagem de um felino no corpo). Nunca atuou em processos de grande repercussão antes da decisão que terá de tomar sobre o futuro do ex-presidente Lula.
Maria Priscilla decretou hoje segredo de Justiça sobre o andamento da denúncia envolvendo Lula. Ela diz que vai examinar detidamente os 36 volumes do processo e que isso será feito com cautela, inclusive quanto ao pedido de prisão formulado pelo Ministério Público.
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Zero Hora solicitou entrevista à juíza, mas não obteve resposta ao pedido. O andar onde ela despacha, no Fórum da Barra Funda, está fechado para a imprensa. A juíza fez a solicitação devido ao assédio de repórteres após a notícia de que ela terá de despachar sobre a prisão (ou não) de Lula.