Uma cena de violência contra um cachorro, que ocorreu no final de semana em Araquari, no Norte do Estado, repercutiu nas redes sociais e chegou ao conhecimento da juíza Nayana Scherer que trabalha na comarca do município. Chocada com o que viu, a magistrada articulou a apreensão do adolescente responsável pela agressão.
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O garoto de 17 anos amarrou o cachorro em uma árvore e o matou a pauladas. A agressão ficou registrada em imagens feitas por moradores do bairro Acaraí. O Corpo de Bombeiros e a Polícia Militar foram acionados para conter a atitude do menino, porém não houve tempo de salvar o animal. O rapaz respondeu a um termo circunstanciado por maus-tratos e não chegou a ser apreendido no dia da agressão.
Quando soube do caso, a magistrada articulou a apreensão do jovem para entender melhor o que havia ocorrido. O delegado Rodrigo Aquino Gomes providenciou a apreensão e apresentou o garoto ao Ministério Público.
– Achei extremamente grave por isso fui ver quem era o menino – relatou Nayana.
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Em depoimento, o garoto negou a autoria das agressões. Ele teria dito que aquele cachorro era do vizinho e que ele só batia nos cachorros dele.
– A mãe contou que já tinha brigado com ele e que o outro filho de sete anos chorava quando ele batia nos cachorros – revelou.
A promotora Fabiana Wagner pediu a internação provisória do menor por 45 dias. Ele está detido na delegacia do município aguardando vaga em um centro de internação. Nesta sexta-feira, ele deve ser encaminhado para o Centro de Atendimento Socioeducativo Provisório de Criciúma.
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Defensora dos animais, a magistrada alerta que casos como esse serão punidos na comarca de Araquari.
– Se fosse uma pessoa maior de idade eu prenderia. Quem é capaz de fazer isso com um bichinho indefeso? A gente tem compromisso com a Justiça e com o clamor social – reforçou.
Entrevista
AN – Como a senhora soube do caso?
Nayana Scherer – Me encaminharam essa notícia no sábado. Os moradores chamaram o corpo de bombeiros e a polícia. O capitão Cláudio (Bombeiros) se deslocou para lá e, quando chegou, o cachorro estava sem vida pendurado na árvore e o menino contando vantagem e tentando amedrontar todo mundo.
AN – Como foi a sua articulação para levar a reponsabilidade do menor adiante?
Nayana Scherer – No local foi lavrado um TC (termo circunstanciado) de maus-tratos e feito o encaminhamento normal da ocorrência. Mas, eu achei extremamente grave. Fui ver quem era o menino e chamei o delegado. Eles foram atrás do menino para trazer à promotoria. Nisso, ficamos sabendo que ele tinha tentado matar o pai dele e que o pai não tinha denunciado. Parece que andou dando uns tiros na vizinhança também. Então, a promotora pediu a internação dele, amanhã está indo para Criciúma. Lá ele vai ter acompanhamento psicológico e passará por várias avaliações.
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AN – O que ele disse no depoimento?
Nayana Scherer – Ele negou, disse que não foi ele. Mesmo com as imagens continuou negado e disse que deveria ter acontecido alguma coisa com ele porque não lembrava. A mãe falou que já tinha brigado com ele e que o outro filho de sete anos chorava quando ele fazia isso. Se fosse uma pessoa maior de idade eu prenderia. Quem é capaz de fazer isso com bichinho indefeso? A gente tem compromisso com a Justiça e com o clamor social. As pessoas tem que entender que não fica impune.