Eram 12h52min desta segunda-feira quando Evanio Prestini, motorista do Jaguar envolvido em um grave acidente que resultou em duas mortes na BR-470, chegou ao Fórum da Comarca de Gaspar. Sem uniforme do Presídio Regional de Blumenau, porém algemado e com correntes nos pés, ele participou da audiência de instrução e julgamento, parte importante do processo. É nessa fase que se decide que Evanio irá ou não a júri popular.
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Na prática foi a primeira vez que testemunhas e as três vítimas que sobreviveram ao acidente foram ouvidas pela Justiça. A audiência foi coordenada pelo juiz Lenoar Bendini Madalena e começou com 45 minutos de atraso, por volta das 16h. Evanio, porém, ficou em uma cela especial dentro do Fórum e subiu para a audiência às 17h55min, onde permaneceu em silêncio.
Como nem todas as testemunhas foram ouvidas, Evanio não foi interrogado (ele é o último a ser ouvido nessa fase). Às 19h14min, em uma viatura do Departamento de Administração Prisional (Deap), o motorista do Jaguar deixou o prédio da Justiça e retornou ao Presídio de Blumenau sob gritos de "justiça" de familiares e amigos que estavam presentes.
– Para nós foi uma tortura lá dentro. Era como reviver tudo que aconteceu naquele dia. Ele ficou em silêncio, olhando para baixo, como se nem estivéssemos ali – disse Adriana Grabner, mãe de Amanda Grabner Zimmermann, uma das vítimas fatais.

O advogado de uma das vítimas, Honório Nichelatti disse que a audiência foi tensa, e reiterou que há indícios suficientes para levar Evanio ao Tribunal do Júri:
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– Foi (uma audiência) tensa, até pelas mães das vítimas, que estavam acompanhando, e pelas vítimas que estavam lá também e deram seus depoimentos. Mas tudo transcorreu bem. O trabalho é pela demonstração de prova da materialidade do crime e indícios de autoria para levar o caso a júri popular.
Como nem todas as testemunhas foram ouvidas, não havia condição de que uma sentença de pronúncia fosse expedida (ou seja, que houvesse a confirmação de que Evanio irá a júri popular). Existia, porém, a possibilidade de que o juiz autorizasse a liberdade provisória de Evanio mediante medidas cautelares, o que não ocorreu já que a defesa não pediu habeas corpus. Com isso, ele permanece detido até o dia 29 deste mês, quando será interrogado pela primeira vez no processo.
– Marquei essa nova audiência para ouvir mais uma testemunha de Blumenau, mais o interrogatório do réu. Temos que aguardar até lá, tem mais umas precatórias pendentes (testemunhas que precisam ser ouvidas em outras cidades ou estados) e aí vou decidir se o processo vai a júri popular ou não – afirmou o juiz Lenoar Bendini Madalena. Na saída do Fórum, o magistrado ainda disse que se o processo transcorrer bem, a decisão quanto ao júri popular pode ser expedida até a primeira quinzena de junho.
Contraponto
O advogado de Evanio Prestini, Nilton Macedo Machado, concedeu uma rápida entrevista na saída do Fórum. Ele se resumiu a dizer que o momento do processo não previa que o acusado falasse e garantiu que até esta segunda-feira não havia sido entregue um novo pedido de habeas corpus.
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O acidente
A batida envolvendo o Jaguar e o Fiat Palio aconteceu por volta das 6h da manhã de 23 de fevereiro na BR-470, em Gaspar. Duas garotas morreram, Amanda Grabner Zimmermann, 18, e Suelen Hedler da Silveira, 21. O condutor do carro de luxo, Evanio Prestini, foi submetido ao teste do bafômetro que apontou 0,72 miligrama de álcool por litro de ar expelido.
Ele foi preso em flagrante. No dia seguinte ao acidente, a prisão foi convertida para preventiva. Os advogados de Evanio pediram a revogação da prisão, que foi negada pela Comarca de Gaspar.
A defesa, então, entrou com o pedido de uma liminar de habeas corpus no Tribunal de Justiça de Santa Catarina (TJSC), que também foi negado. Quase duas semanas depois, no julgamento do Colegiado, os desembargadores decidiram por manter Evanio no Presídio Regional de Blumenau.