Após a terça-feira da ansiedade e a quarta da pressão, chega a vez da quinta da decisão. O juiz responsável pelo destino da Busscar, Maurício Cavalazzi Povoas, anuncia até o fim desta tarde se a empresa pode tentar, mais uma vez, reerguer-se ou se tem a falência decretada.
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Ontem, por volta das 15h30, Povoas se dizia “mergulhado” no processo e já começava a escrever a sentença.
– Recebi a ata de Rainoldo Uessler (administrador judicial) pela manhã. Conversamos por uma hora e meia. É o meu braço lá. Sempre ouço o que ele tem a falar. Rainoldo me explicou detalhes do documento e de como foi a votação -, contou, e reconhece que sua tarefa é complicada.
– Se a decisão fosse por 3 a 0, estaria decidido. Há várias circunstâncias para serem analisadas. Demanda tempo. É complexo de fundamentar. Estou desde ontem rascunhando o que iria definir em casa e continuo -, disse.
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Enquanto estudava os documentos do processo, ontem, Povoas recebeu uma carta do Sindicato dos Plásticos de Joinville. A entidade, que representa os funcionários da Tecnofibras, dizia-se preocupada com a possibilidade de falência, decisão que ela repudia.
Um grupo de trabalhadores da Busscar que quer a recuperação tentou um encontro com o juiz, que disse que só falará sobre o caso após a sentença. Eles chegaram a pensar em esperar a decisão em frente ao fórum, mas mudaram de ideia temendo que a pressão pudesse prejudicá-los.
Os advogados dos ex-sócios tentaram fortalecer o pedido de anulação da assembleia feito na terça por meio de um contato com o Sindicato dos Mecânicos. Como não houve avanços no plano de recuperação em relação à dívida trabalhista na visão da entidade, a conversa não andou.
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Por parte dos bancos – classe que votou contra a proposta -, nos bastidores, as afirmações eram de que a empresa precisa se capitalizar e a atual gestão não demonstra fôlego para tal, o que tornaria o plano atual insustentável.
Recurso
– Alguém vai recorrer. O Santander tem legitimidade para recorrer caso a sentença seja a aprovação da recuperação. Caso contrário, a recuperanda deve recorrer. Em relação a instâncias, pode ir até o Superior Tribunal Federal, mas depende do efeito que tiverem os recursos. Assim que tomada, minha decisão já começa a valer -, explicou Povoas.
A sentença, segundo o juiz, será publicada como qualquer outra decisão judicial.
– Vou mandar para o cartório, que publicará no site do Tribunal. Eventualmente, posso chamar o Rainoldo para dar diretrizes, por ser o administrador judicial.
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Anulação de assembleia é descartada
Entre os documentos que o juiz Maurício Povoas vai apresentar hoje está a análise e resposta ao pedido de anulação da assembleia de credores de terça-feira.
A solicitação foi feita pelos representantes dos ex-sócios da Busscar – Rainoldo e Valdir, tios do atual presidente Claudio Nielson – que conseguiram um acordo com a empresa e, por isso, querem a aprovação do plano.
O juiz garantiu ontem que não vai acolher o pedido e que vai fundamentar a decisão para, se necessário, convencer o Tribunal de Justiça. Povoas já imaginava que este tipo de pedido poderia acontecer.
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– Fui à assembleia. Fiquei até o início da votação, pois sabia que poderia ser suspensa. E eu não queria -, disse.
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