O juiz Fernando Cordioli Garcia, afastado em dezembro do ano passado pelo Tribunal de Justiça de Santa Catarina (TJSC) por supostas irregularidades que teriam sido praticadas na Comarca de Otacílio Costa, na Serra, desistirá do recurso encaminhado ao Conselho Nacional de Justiça (CNJ), em Brasília, para voltar ao cargo.
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O relator do processo, conselheiro José Lucio Munhoz, divulgou no fim de maio que já se encontra em condições de julgá-lo e pediu pauta para votação em plenário. A próxima sessão ocorrerá na terça-feira, mas o caso não entrou na ordem do dia.
Antes que isso ocorra, Cordioli anunciará ao CNJ a desistência. O procedimento resultará na anulação do julgamento. Cordioli entende que, mesmo não sendo acusado de corrupção ou algo mais grave, provavelmente seria derrotado.
Assim, mudou de estratégia. Na semana passada, ele apresentou um novo recurso ao CNJ por excesso de prazo, uma vez que o seu afastamento completou 180 dias e, segundo ele, por lei, um juiz, na condição de réu, não pode ficar afastado de suas funções por mais de 120 dias.
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A intenção de Cordioli em desistir do primeiro recurso é livrar-se do julgamento que considera “político” para ganhar tempo a fim de juntar novos argumentos na tentativa de provar que pode e deve voltar ao cargo.
O TJ catarinense justifica que Cordioli cometeu 18 atos considerados ofensivos aos deveres funcionais de um magistrado, a grande maioria relacionada à ética e ao comportamento. O acusado, por sua vez, se defende e diz estar sendo perseguido devido ao seu trabalho de combate à corrupção, alegação negada pelo tribunal.
– Quando entrei com o primeiro recurso no CNJ, eu queria agilidade no processo para que o julgamento ocorresse em janeiro ou fevereiro, e não só agora. A humilhação indevida e os custos com advogados eu já sofri.
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Desde que foi afastado, Cordioli não tentou voltar ao cargo por meios judiciais, apenas administrativamente. Agora, o momento chegou. Ele se prepara para ingressar com uma ação no próprio TJSC, com possibilidade de recurso ao Superior Tribunal de Justiça (STJ) e, em tese, também ao Supremo Tribunal Federal (STF).
E se forem encerrados sem sucesso os recursos judiciais no Brasil, Cordioli garante que recorrerá à Comissão Interamericana de Direitos Humanos da Organização dos Estados Americanos (OEA), em Washington, nos Estados Unidos, de onde o caso, se admitido, poderá ir para a Corte da Organização, em San Jose, na Costa Rica.
– Agora quero que as minhas testemunhas sejam ouvidas com calma. Vamos nos concentrar em questões que não poderão ser usadas politicamente contra mim.
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