Temidos nas ruas, respeitados na prisão. É assim que o Ministério Público de Santa Catarina descreve três irmãos denunciados por cinco tentativas de homicídio que teriam ligações com o tráfico na zona Sul de Joinville, no ano passado.
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Por decisão do juiz da 1ª Vara Criminal de Joinville, Gustavo Henrique Aracheski, os irmãos Carlos Alexandre Correia, Anderson Daniel Correa e Joicelene Aparecida de Fátima Correa foram pronunciados pelos crimes e, caso não consigam apelar e reverter a decisão publicada nesta segunda, serão levados a júri popular.
Pode ser a primeira vez que três membros da suposta organização criminosa familiar conhecida pelo apelido Badalo sejam julgados por crimes contra a vida. A família já está na mira da polícia há mais de dois anos, quando Carlos Alexandre foi preso na mesma operação que deteve o irmão Carlos Jardel Correa, 20 anos, o mais famoso dos Badalos.
Os dois foram condenados em primeira instância a oito anos de prisão por tráfico e associação ao tráfico. Mas uma série de crimes cometidos entre novembro do ano passado e janeiro deste ano levou a polícia a suspeitar de uma relação direta entre as ações do tráfico de drogas e as ordens de execução contra pessoas que poderiam colocar o esquema da família em risco.
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Segundo a denúncia, Carlos Alexandre continuou comandando o tráfico de dentro da Penitenciária Industrial de Joinville. As ordens seriam repassadas à irmã dele, Joicelene, presa numa operação contra o tráfico em fevereiro deste ano com Anderson Daniel Correa, outro irmão Badalo.
No andamento do processo contra os irmãos, a investigação ainda apurou que os Badalos teriam sido “batizados” pelas facções criminosas PCC, PGC e Grupo G depois de serem presos.
Ao prestar depoimento à Justiça sobre os membros da suposta quadrilha, o então delegado da Divisão de Homicídios, Adriano Bini, e outros investigadores destacaram a dificuldade de encontrar provas contra a família por causa do medo provocado nas testemunhas.
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Uma delas teria sofrido ameaças antes de depor na fase judicial. Outras só falaram com a identidade protegida. Mencionando a gravidade dos fatos denunciados e a possível ligação dos suspeitos em outros crimes, o juiz Gustavo Henrique Aracheski não permitiu que os réus recorressem em liberdade.
Mais envolvidos
Apesar de apenas três membros da família Badalo serem mencionados na sentença de pronúncia publicada nesta segunda, o processo ainda inclui outros quatro suspeitos de envolvimento nas cinco tentativas de homicídio registradas no ano passado.
Mas três deles respondem a processo separado porque só foram identificados e intimados após a denúncia ter sido formulada – eles eram mencionados apenas por apelidos. Assim, foi determinada a divisão do processo para não atrasar o andamento da ação contra os três réus já presos.
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Outro suspeito, identificado apenas como “Jairo”, ainda não foi encontrado para responder ao processo. A denúncia do MP também apontava para Odair Correa e Felipe Félix a responsabilidade pela morte de um menino de 12 anos em janeiro deste ano, mas os dois foram mortos em confronto com a polícia.