A Justiça aceitou a denúncia do Ministério Público contra 109 pessoas acusadas de integrar uma facção criminosa de São Paulo que age em Santa Catarina. Elas responderão por delitos como associação e financiamento para o tráfico de drogas, posse, porte e comércio de arma de fogo e corrupção de menores.

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A decisão é do juiz da Vara do Crime Organizado em Florianópolis, Renato Guilherme Gomes Cunha, e foi proferida na terça-feira. Segundo o juiz, a denúncia descreve a existência de uma organização criminosa bem estruturada e com divisão de tarefas voltada à prática de diversos crimes graves.

Ainda conforme o magistrado, trata-se de um braço de uma facção criminosa de São Paulo em Santa Catarina, em que os integrantes estão divididos em quatro níveis de hierarquia. O juiz também cita a violência gerada nas duas maiores cidades catarinenses pelos criminosos:

“O fato é que aqui em Santa Catarina, mais precisamente em cidades como Joinville e Florianópolis, a expansão da organização criminosa tem sofrido resistência por parte da facção local. O resultado disso é o derramamento de sangue que se tem visto nos últimos meses, tendo como pano de fundo a disputa por pontos de venda de drogas”, destaca Cunha.

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Os crimes foram apurados durante oito meses pela Diretoria Estadual de Investigações Criminais (Deic). A operação aconteceu no dia 20 de abril. Na época, a polícia divulgou a ação como sendo a maior ofensiva contra uma facção criminosa no Estado.

Os acusados e as defesas terão 10 dias para responderem a acusação. O juiz determinou que presos em outros Estados deverão ser recambiados a Santa Catarina. Em relação a três pessoas, a Justiça determinou novo inquérito para apurar a conduta deles.

Audiências e interrogatórios

Agora, os 109 acusados são considerados réus e responderão a uma ação penal. Haverá audiências de interrogatórios e ao final o juiz decidirá pela condenação ou absolvição. Todos estão com prisão preventiva decretada.

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Conforme o DC revelou na reportagem Linhas Vermelhas, em 3 de junho, os acusados articulavam crimes de dentro de cadeias catarinenses, do Paraná, de São Paulo e do Mato Grosso do Sul. A Deic afirma que os presos aproveitavam a ausência de bloqueadores de sinal de telefones celulares nas principais unidades prisionais do Estado para planejar e gerenciar delitos.

A ação se agravava diante da guerra instalada pela facção de SP com o bando local de Santa Catarina na disputa por pontos de drogas, na Grande Florianópolis. Os conflitos entre as duas quadrilhas, conforme a Deic, são um dos motivos dos homicídios na região, principalmente no Continente (região do bairro Monte Cristo), e norte da Ilha, na Capital.

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