As equipes de natação e de judô da Universidade do Sul de Santa Catarina (Unisul) têm até o final do ano para garantirem a continuidade de seus programas. Com mudanças na distribuição de recursos para os projetos esportivos da universidade, as duas modalidades têm que buscar parceiros para manter a evolução dos últimos anos.

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As modalidades alcançaram expressivos resultados nos últimos anos, com títulos, medalhas e marcas, frutos do investimento da instituição no campus da Pedra Branca, em Palhoça, na Grande Florianópolis, desde 2007. Mas a partir do próximo ano, o valor destinado a estas modalidades corre o risco de diminuir.

A Unisul mudará a forma de distribuição de verba passando a focar mais no esporte acadêmico e nas pesquisas. Assim, a natação e o judô se veem obrigados a procurar outros patrocinadores. Única financiadora dos projetos esportivos, a Unisul paga atualmente todas as despesas que envolvem atletas, competições e viagens. A equipe de natação é formada por 30 nadadores e custa cerca de R$ 32 mil por mês aos cofres da universidade. E para manter os 25 atletas do judô é necessário desembolsar perto de R$ 6 mil mensais.

Depois reuniões nas últimas duas semanas, a reitoria anunciou que a verba reservada ao esporte continuará a mesma em 2011, mas a fatia destinada para cada área de atuação – alto rendimento, pesquisa e esporte acadêmico – será remanejada. As equipes de natação e de judô, que hoje detêm a maior parte dos recursos, irão perder dinheiro e deverão buscar novas fontes de investimento.

Há um clima de preocupação dentro da Unisul Esporte Clube (UEC), clube vinculado à universidade e responsável pelo alto rendimento, mas existe também o pensamento de que a reitoria tem o direito de mudar a forma como as atividades são realizadas hoje. O UEC pretende agora buscar a independência. Para isso, é fundamental o apoio ao esporte da iniciativa privada e também das esferas estaduais e federais de incentivo. Nos últimos dois anos, as modalidades de alto rendimento da Unisul tiveram reprovados os projetos encaminhados para o Ministério do Esporte e para o governo estadual:

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– Estamos nos adequando a este novo pensamento da universidade e da reitoria. Eles têm todo o direito de cuidar dos seus interesses – avalia Volmir Joner da Silveira, presidente do UEC.

Privilégio à formação acadêmica

O diretor do campus da Pedra Branca, Hércules Nunes de Araújo, explica que o interesse da instituição, além dos resultados das equipes, é a troca entre o acadêmico e o atleta de alto rendimento. Segundo ele, a proposta é caracterizar “o que é Unisul Esporte Clube e o que é universidade”:

– Com toda a história que nós temos com o esporte de alto rendimento, queremos que o acadêmico utilize essa parcela (de visibilidade) no foco da pesquisa, uma ampliação do que já existe hoje. Para isso, não haverá uma redução de orçamento. A percentagem continua a mesma nos projetos esportivos, só que em uma outra direção – conclui o diretor.

Os novos rumos nos projetos esportivos não atingem apenas os gestores, mas também os atletas que ficam receosos quanto ao futuro. A judoca Reigiane Carvalho diz ter recebido propostas de outros clubes para lutar e que optou por ficar na universidade, principalmente por ser estudante. O destino, ainda incerto da modalidade em Palhoça, faz com que ela e as outras atletas fiquem preocupadas:

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– Além de lutarmos pela universidade, somos acadêmicos e isso que está acontecendo é algo que nos prejudica não só esportivamente. É algo que me preocupa bastante, pois eu gostaria de continuar por aqui – afirma a piauiense que é estudante de Nutrição.

Alheios a tudo isso, judocas e nadadores seguem a rotina diária de treinamentos de olho nas primeiras competições do ano. No judô, a equipe busca no Troféu Santa Catarina, no dia 27 de março, em Joaçaba, no Meio-Oeste, a classificação para o Sul-Brasileiro. A competição será realizada em Balneário Camboriú, no Litoral Norte, e garante vaga no Nacional:

– A preparação está sendo intensa para o Brasileiro. Espero ir bem neste início de ano para poder chegar ao campeonato novamente, que é um dos meus objetivos – diz Reigiane.

Na natação, Guilherme Roth, especialista nos nados de 50m livre e 100m livre, irá substituir Cesar Cielo no Sul-Americano, em Medelín, na Colômbia, em 26 de março. O gaúcho revela que os principais adversários serão os próprios brasileiros e, principalmente, a mudança nas regras da competição, que será a primeira no continente após a proibição dos polêmicos supermaiôs:

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– Alguns padrões que foram perdidos serão retomados. O Brasil hoje está à frente no cenário sul -americano, os outros países estão se reformulando. Por isso, penso que a disputa será entre nós mesmos, mas fico feliz em substituir o Cesar – conta Guilherme Roth.