Entre os lançamentos que ocorrerão na 13ª Feira do Livro de Joinville em abril de 2016, está a reedição de uma obra tão rara que o próprio autor não a possuia entre seu acervo: o livro-imagem Domingo de Manhã, de Juarez Machado.

Continua depois da publicidade

As assinaturas do joinvilense nas capas dos livros de literatura podem ser menos conhecidas do que aquelas em telas e quadros, mas esta bibliografia existe – e, além de premiada, é precursora em seu gênero no Brasil. Por isso, o artista foi o escolhido como o homenageado da próxima edição do evento literário.

– Há cerca de três anos, me deparei com uma prateleira da Bilioteca Pública de Joinville identificada como “autores joinvilenses” e ali descobri que o Juarez era natural daqui. Eu quero prestar homenagem a ele desde então – conta a curadora da Feira do Livro de Joinville, Maria Antonieta Cunha.

Domingo de Manhã foi lançado em 1976, um ano depois do livro Ida e Volta, o primeiro que utilizava apenas imagens para construir a narrativa. Diferentemente deste e de outros livros de imagem que Juarez Machado lançou, Domingo de Manhã nunca ganhou nova edição, falha que será consertada agora pelas mãos da própria Antonieta.

Alguns dos nomes que compõem a programação da próxima Feira do Livro de Joinville foram divulgados ontem pelo Instituto da Cultura e Educação que, presididio por Sueli Brandão, promove o evento na cidade. A lista conta com autores de destaque nacional como Zuenir Ventura, Frei Betto, Eva Furnari, Celso Sisto e Bia Bedran.

Continua depois da publicidade

Leia mais sobre cultura e variedades em Joinville e região

Segundo Antonieta, o objetivo da próxima feira é trabalhar a valorização do que ela chama de literaturas excluídas, tanto em relação às pessoas que a fazem quanto àqueles que a consomem. Entre elas estão as literaturas indígena e afro-brasileira, que parecem invisíveis aos olhos do mercado e da sociedade em geral.

– São livros que a gente finge que não existe e teima em não conhecer. Essas literaturas nos confrontam a partir dos temas que elas enfrentam – avalia a curadora da Feira de Joinville.

Além da pluralidade etnicorracial, a temática também abordará um novo olhar sobre a literatura chamada de entretenimento. Obras policiais, de suspense e de comédia – que muitas vezes são depreciadas apesar do sucesso comercial – também estão na pauta da discussão que a organização da Feira de Joinville quer levantar em 2016.

– Este termo [literatura de entretenimento] não me agrada, porque faz parecer que as outras são para nos martirizar. Estes livros fazem parte de um ócio que todos nós temos: às vezes, não queremos ler um Don Quixote, mas uma crônica do Veríssimo – afirma Antonieta – Não dá para começar com Machado de Assis, mas estes leitores podem chegar a ele um dia.

Continua depois da publicidade

Conheça os escritores convidados da 13ª Feira do Livro de Joinville nas palavras da curadora Maria Antonieta Cunha:

Zuenir Ventura: Ele é um acadêmico (ocupa a cadeira 32 da Academia Brasileira de Letras) e jornalista que tem não só trabalhos na área do jornalismo (como os livros 1968: O Ano que Não Terminou e Cidade Partida), mas também livros de crônicas. Ele é um sujeito extraordinário, que tem muito a dizer sobre as questões atuais, principalmente em um momento como este que estamos vivendo.

Frei Betto: Ele tem uma produção muito interessante, seja em livros de memórias, seja para adolescentes. E isso é algo que queremos trazer para a Feira: pessoas que realmente tenham algo a dizer aos jovens.

Eva Furnari: ela é italiana, mas vive no Brasil há muito anos. Coleciona prêmios como ilustradora, mas é também uma autora de textos verbais. Sua produção vai de livros para crianças de três anos a adolescentes. Eva falará aos professores sobre educação através da arte de expressão.

Continua depois da publicidade

Celso Sisto: É um grande autor especialista em literatura africana, além de ser o maior contador de histórias do Brasil. Ele, aliás, dará uma oficina com esta temática.

Bia Bedran: Excelente musicista, Bia conta histórias por meio da música. Ela veio em 2015 e todo mundo pediu que voltasse – por isso seu retorno na próxima edição.