No ônibus que o levou para fora de Joinville em 1961, o jovem Juarez Machado usou uma parte das seis horas da viagem entre sua cidade natal e Curitiba para criar um plano: um dia, voltaria e criaria uma escola de arte, para que os jovens joinvilenses não precisassem deixar sua casa para seguir seus sonhos.
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Mais de 50 anos depois, ele é homenageado com a maior honraria do município, a Medalha Dona Francisca, em um evento que ocorreu na noite desta terça-feira no teatro que leva o nome do artista, o Teatro Juarez Machado. A Orquestra Cidade de Joinville e o maestro José Mello deram o tom à cerimônia e o prefeito Udo Döhler fez a entrega da medalha.
– Me vesti a rigor, já que irei encontrar uma princesa e carregá-la no coração – brincou ele, usando a ironia que se encontra em toda sua obra.
Embora sentindo-se orgulhoso, disse que talvez não merecesse a honraria.
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– Acho que a medalha não é para mim, mas para o instituto – disse o artista antes da cerimônia.
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Juarez refere-se ao Instituto Internacional Juarez Machado, inaugurado em novembro do ano passado. O local não é a escola de artes com a qual ele sonhava aos 19 anos, já que o retorno para a terra natal demorou muito mais do que o planejado. A cidade, que não tinha museu de arte nem livrarias quando Juarez a deixou, cresceu, ganhou movimentos culturais e até cursos de nível superior em artes.
– O instituto é uma forma de eu devolver o que a cidade me deu na infância, desenvolvendo minha criatividade. Hoje eu tenho condições e contatos para trazer, por exemplo, uma exposição de gravuras da Noruega, que será a próxima a utilizar a galeria, e esta é uma forma de estimular e provocar as novas gerações – avalia.
A Medalha Dona Francisca foi criada em 1999 pelo então prefeito Luiz Henrique da Silveira para homenagear pessoas que se destacaram de forma notável ou relevante e contribuíram para a distinção do município de Joinville. Juarez é o 16º a recebê-la e, embora repasse o mérito para seu instituto, concorda que levou o nome da cidade pelo mundo.
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– Tem que cantar sua aldeia para tornar-se internacional – diz Juarez, parafraseando Tolstói. Ele acrescenta que sempre comparou o mundo a Joinville.
Durante a cerimônia, mais uma homenagem: foi anunciado que o artista plástico será o patrono da 77º Festa das Flores, que ocorre em novembro.