Quando era criança, enquanto os outros garotos iam jogar bola, Juarez Machado ia até o rio Bucarein, na zona Sul de Joinville, para buscar lama e esculpir bonequinhos. Mais de seis décadas depois, ele não retorna ao rio, mas volta a usar o talento para a arte para se divertir. É por isso que, no próximo sábado, ele abre a exposição Juarez Machado na Hora do Recreio no Instituto Internacional Juarez Machado, como forma de comemorar o aniversário de um ano de abertura do local, montado na antiga casa da família Machado.
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A exposição apresenta cerca de 200 obras, entre objetos, esculturas, desenhos, fotografias e pinturas. Algumas delas têm a data de criação há mais de 40 anos, enquanto outras são tão recentes que já fazem referência aos atentados de Paris – cidade que Juarez escolheu para viver – e que foram terminadas na noite anterior à sua colocação na parede do galpão de exposições do instituto.
– Eu voltei a brincar. Não quero mais saber de agradar cliente, público, marchand… – afirma o artista de 75 anos – Agora estou criando cada vez mais com novas técnicas e processos. Não quero ficar fazendo o que já sei.
Entre estas novidades de Juarez está o pentimento, alteração em pintura evidenciada pelos traços do trabalho anterior feito na mesma tela, seja pela vontade do artista em modificar a obra durante o processo, ou em reutilizar a mesma estrutura para um novo trabalho. Apesar da nova camada de tinta, a primeira começa a aparecer com o passar do tempo, criando novas formas.
– A pintura mais antiga ainda está viva e isso me comove. São duas imagens querendo se sobressair mais – avalia Juarez, que começou a utilizar o pentimento de forma proposital, com brincadeiras entre o clássico e o contemporâneo.
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Um espaço de provocação
Ao comemorar o primeiro ano do Instituto Internacional, o artista e sua equipe projetam ideias e novidades para os próximos 12 meses. A principal é ampliação do instituto: Juarez já comprou o terreno que fica ao lado, onde será construído um prédio de dois andares para a criação de uma casa de chá, salas de aula, biblioteca e um espaço expositivo que abrigará suas obras permanentemente.
– Eu percebi que as pessoas vinham aqui e queriam encontrar minhas obras. Então, o segundo piso desta casa será apenas para mim: eu tenho tanta coisa para mostrar, não só trabalhos, mas também curiosidades, fotos, cartas – conta Juarez.
Os trabalhos dele encerram o primeiro ciclo do instituto, que há exatamente um ano foi inaugurado com a exposição A Bicicleta na Vida e Obra de Juarez Machado. Depois, o galpão abrigou as exposições Tessituras Contemporâneas, de artistas catarinenses; Coletivo Multicolor: Intercâmbio de Imagens, de fotógrafos e artistas visuais catarinenses; Re-Conhecimento A Gravura Norueguesa Contemporânea, com obras da Noruega; A Cor Gráfica do Japão, com artistas nipo-brasileiros; e Tinta Negra, com trabalhos de dois jovens artistas contemporâneos. Além disso, foi ponto de encontro de coletivos espaço de lançamento de livros.
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A intenção é que o instituto transforme-se cada vez mais em um centro cultural ligado às artes plásticas “sem nenhuma lei”, na definição dele. Para isso, ele já adquiriu também mais de mil livros de arte da Biblioteca Nacional, além de buscar em Paris uma coleção de livros da biblioteca pessoal para montar um acervo de pesquisa na área.
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– A proposta é trazer um repertório diferente de cultura e curiosidade. Senão, vira galeria de arte. Não quero ensinar ninguém a pintar, quero é provocar – define ele.
Agende-se:
O Quê: Exposição Juarez Machado na Hora do Recreio.
Quando: sábado, às 10 horas. Depois, a exposição fica aberta até 28 de fevereiro de 2016, de terça a sábado, das 10 às 19 horas, e aos domingos e feriados, das 15 às 19 horas.
Onde: Instituto Internacional Juarez Machado (rua Lages, 994, América).
Quanto: R$ 5 (inteira), R$ 2 (meia-entrada) e gratuito para quem for
de bicicleta.