As eleições e os últimos acontecimentos políticos no País têm chamado a atenção e mobilizado a população para discutir o tema. Oportunidades não faltam para se manter informado sobre os fatos políticos, seja pelas redes sociais, pela internet ou pelos veículos de comunicação.
Continua depois da publicidade
Mas será que os jovens estão interessados pelo assunto e dispostos a participar do processo eleitoral, exercendo o direito ao voto antes de completar a maioridade?
Em Joinville, os números mostram que o índice de eleitores na faixa dos 16 e 17 anos – idades em que o voto é facultativo – ainda é baixo. Apenas um em cada cinco jovens dessa faixa etária está apto a votar em 2 de outubro. Ainda assim, houve aumento de 14,8% na participação se comparado à última eleição municipal, segundo dados do Tribunal Regional Eleitoral (TRE-SC).
Em 2012, havia 3.276 jovens aptos a votar, enquanto que, neste ano, são 3.764. O crescimento foi impulsionado, principalmente, pela participação dos eleitores de 17 anos, cujo índice aumentou 28,8% em relação ao pleito de quatro anos atrás – eram 2.309 e agora são 2.976. Por outro lado, o número de eleitores de 16 anos caiu 18,5% no mesmo período, de 967 para 788.
Vítor Hugo Kuneski, estudante do 3º ano da Escola Governador Celso Ramos, em Joinville, não gosta de acompanhar política por não acreditar muito nas pessoas envolvidas no processo. Ele se diz revoltado com os casos de corrupção porque os políticos são presos, mas logo ficam em liberdade. Por este motivo, Vítor prefere não fazer o título de eleitor antes dos 18 anos.
Continua depois da publicidade
– As pessoas votam em um candidato para exercer um mandato e depois ele some. No meu bairro, tinha um que fazia carreata, participava das ações, mas depois que se elegeu, vi ele apenas uma vez na rua – exemplifica.
Participação ainda é baixa, aponta TRE
De acordo com dados do TRE, o número total de eleitores em Joinville aumentou apenas 0,77% nos últimos quatro anos. No entanto, os jovens com 16 e 17 anos de idade que já possuem o título de eleitor (3.764) representam apenas 1% de todo o colégio eleitoral da cidade, que é de 372.551 pessoas.
Se for feita uma comparação com o total de jovens de 16 a 17 anos que vivem no município, a participação deles nas eleições é baixa. Segundo dados do Censo de 2010 do IBGE, o número de jovens com 16 anos era de 8.549, e com 17 anos, 8.909. Ou seja, dos 17.458 jovens dessa faixa etária em Joinville, apenas 21,56% – aproximadamente, um em cada cinco – estão aptos a votar no dia 2 de outubro.
Vale destacar que a Justiça Eleitoral desenvolve iniciativas para incentivar o engajamento dos jovens de 16 e 17 anos na política e aumentar ainda mais a participação deles nas eleições.
Continua depois da publicidade
Em março deste ano, o Tribunal Superior Eleitoral (TSE) realizou mais uma edição da Semana do Jovem Eleitor, que buscava o alistamento eleitoral de jovens, e que contou com a veiculação de campanhas no rádio, TV e redes sociais.
Estudantes reconhecem a importância de se informar sobre o tema
A reportagem de “A Notícia” conversou com jovens do 3º ano da Escola Governador Celso Ramos, no bairro Bucarein, em Joinville, para saber o que eles pensam sobre política. Nem todos costumam se informar sobre o que acontece no País, no Estado ou no município, mas reconhecem a importância do tema para a vida diária de cada um.
O estudante Filipe Richter Barcellos, 18 anos, fez o título de eleitor aos 16 por vontade própria e um pouco de influência do tio, que estudava para concurso público e teve contato com assuntos ligados ao direito e à política. O jovem, porém, decidiu por anular o seu voto nas eleições de 2014.
– Percebi que, na realidade, meu voto não ia influenciar tanto quanto deveria. Vou votar nulo de novo neste ano porque não me sinto preparado para escolher – explica o estudante.
Continua depois da publicidade
Filipe diz também que prefere abdicar de exercer a própria escolha e deixar para que os outros eleitores definam a eleição. Aos olhos do jovem, as outras pessoas têm mais capacidade do que ele para fazer essa escolha.
A estudante Janaína Roberta Züege, 17 anos, pensa igual ao colega de classe e ainda não se sente preparada. Por isso, optou em não fazer o título de eleitor enquanto não atingir a maioridade. Ela conta que estuda em dois períodos e ainda trabalha, restando pouco tempo para se informar sobre os temas relacionados à política.
– Não tenho muito conhecimento porque não tenho tempo agora. O mundo me exige outras prioridades no momento, então a gente costuma conversar mais sobre o assunto entre os amigos aqui na escola – conta.
Na avaliação dos alunos, uma das soluções para conscientizar os jovens e chamar a atenção para a importância da participação deles nas eleições seria criar uma disciplina sobre política na escola.
Continua depois da publicidade