No bairro Jardim Paraíso, projetos sociais têm funcionado como casulos que fortalecem o desenvolvimento de crianças e adolescentes. Aqueles talentos antes apagados pela realidade dura da periferia hoje encontram oportunidades de experimentar habilidades e expandir limites. Uma iniciativa que tem se destacado é o Instituto Priscila Zanette, que oferece aulas de pelo menos oito modalidades esportivas a cerca de 200 crianças no contraturno da escola.

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De segunda a quinta-feira, os ônibus passam nas escolas, recolhendo os alunos do instituto. Eles desembarcam no Kartódromo Internacional de Joinville. Cada uma das 200 crianças tem a oportunidade de experimentar as modalidades de atletismo, basquete, canoagem, capoeira, ciclismo, futebol, tae-kwon-do, tênis de campo e dança.

Todas as aulas são elaboradas por professores e seguem um planejamento pedagógico. Os alunos que se destacam são selecionados para ingressar no treinamento intensivo, com foco nas competições. Conforme a coordenadora do instituto, Rosa Joesting, o objetivo não é somente oferecer uma atividade para retirar os jovens da ociosidade e das ruas, mas mostrar o leque de possibilidades que existe no esporte, aliado a atividades profissionalizantes. Além das atividades esportivas e escolares, os alunos são acompanhados por assistentes sociais e psicólogas.

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– Hoje é um programa, mas futuramente queremos transformar numa escola, porque é esse o trabalho que realizamos. Ficamos bem felizes porque vemos o crescimento daquelas crianças que tinham problemas na escola ou na família. Temos exemplos de alunos que estudam meio período, trabalham no outro e nos fins de semana vêm treinar.

O mestre Moreira, professor de tae-kwon-do, foi quem lapidou Jackson Pereira Dutra, campeão estadual neste ano na categoria adulto. Essa modalidade desperta muita curiosidade em quem entra no instituto, por ser uma atividade explosiva e que exige algo que todos eles têm de sobra: energia. Aos professores, cabe orientar onde investi-la.

– Primeiro, ensinamos o respeito a si mesmo. A criança tem que respeitar a si mesma, daí ela vai respeitar os outros. E também trabalhamos com superação e confiança. Muitas crianças chegam desmotivadas, porque só escutam que não são capazes, que tudo é impossível. São palavras que tentamos tirar delas. E isso elas levam para a vida, porque na vida pessoal elas vão ter problemas que vão ter que superar. E o esporte ensina isso – diz o mestre.

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A superação de cada um

Destaque no basquete, Rodrigo Flores, de 17 anos, encontrou um incentivo para viver melhor o presente e planejar o futuro. Ele se mudou para o bairro neste ano e não estava feliz com a transição, por isso vivia conflitos em casa e na escola. O menino que não tinha planos para continuar nos estudos agora sabe que quer cursar gastronomia.

– Me ajudaram a ficar mais tranquilo. Este ano é o meu último na escola e eu não tinha muita expectativa do que fazer depois, de profissão. Aqui, a Rosa está me ajudando, me dando a oportunidade de fazer estágio para poder pagar a minha faculdade.

O esporte tem aberto possibilidade de lazer e até mesmo profissionalização para meninas e meninos. João Paulo Araújo, de 15 anos, estreou junto com o instituto – fundado há quatro anos – e também tem planos para o futuro.

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– Hoje, me destaco no atletismo. O meu sonho é me formar em educação física e ser professor – diz.

Ana Luiza de Melo, de 13 anos – há três no projeto -, participa de todas as modalidades esportivas e foi selecionada para treinar ciclismo, basquete e futebol. Ela gosta tanto dos três que ainda não decidiu em qual investir futuramente.

– Muitas mudanças aconteceram comigo. Acho que me acalmei mais com tudo que aconteceu, e fiz bastante amizade. Tem um monte de gente que nunca pensei que fosse conhecer, de colégios diferentes. É uma experiência muito boa.

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No Instituto Priscila Zanette, as atividades esportivas têm formato de aula com duração de 55 minutos cada, ministradas por professores graduados em educação física e estagiários. São quatro aulas por dia, com intervalo para lanche. A Prefeitura cede o transporte e a alimentação – esta também conta com o apoio do Programa Mesa Brasil, do Sesc. Além do esporte, há um tempo dedicado aos estudos, quando crianças e adolescentes recebem apoio pedagógico.

O instituto é mantido por doações de pessoas e empresas. Para contribuir, deve-se entrar em contato pelo telefone (47) 3437-8571 ou pelo e-mail institutopz.adm@gmail.com.