Helene Åberg e Jenny Söderqvist, duas suecas, embarcaram em uma viagem ao deserto do Kalahari, no país africano Botsuana, em 2016. No entanto, o passeio tomou um rumo inesperado quando o caminhão em que estavam pegou fogo, forçando-as a abandonar tudo. Em reportagem para BBC, as duas relataram como, no fim, um abridor de latas ajudou elas a se salvarem.

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— A estrada para a Reserva de Caça do Kalahari Central é muito, muito bonita, vasta e vazia, porque não há muitas aldeias. Ao entrar, não se deve sair, porque há animais que podem te comer — descreveu Jenny.

À tarde, Helene estava dirigindo e sentiu cheiro de algo queimado. Não havia fumaça no horizonte.

— Olhei o caminhão, mas não vi nada queimando, até que vi algo laranja no retrovisor. Quando abri a porta, senti fogo atingindo minhas pernas e vi chamas de cerca de um metro saindo do pneu traseiro; fechei a porta e falei para Helene: “o caminhão está pegando fogo, temos que sair”.

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Helene e Jenny foram salvas das chamas, mas perderam o que deveria ter sido sua casa por três dias. A dupla decidiu caminhar 20 quilômetros até a cidade mais próxima, enfrentando a escuridão, o medo de predadores e a exaustão física. Em um ponto, elas se depararam com o que acreditavam ser olhos de leões na escuridão.

— Eu estava indo em frente e, de repente, na escuridão, vi dois pontos vermelhos se movendo em nossa direção. Fechei e abri os olhos com força. Eles ainda estavam lá… e eram quatro: dois pares de olhos andando em nossa direção — contou Helene.

Elas sabiam que, para sobreviver, não poderiam se deixar surpreender novamente por predadores. Para mantê-los afastados, elas começaram a fazer barulho.

— Primeiro tentamos cantar, mas era difícil andar e cantar ao mesmo tempo. Depois começamos a gritar alfabeto, números, gramática alemã, times de futebol… — disse Helene.

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Eventualmente, elas encontraram um trator abandonado.

— Eu estava exausta, apavorada, furiosa, convencida de que fôssemos morrer, e não conseguia parar de chorar, enquanto procurava em todos os lugares algo para ligar o trator — relembrou Helene. — Quando íamos abrir as latas de Spam (carne enlatada), percebi que a ferramenta para abri-las era como uma chave.

A ideia funcionou:

— Dar partida no trator com um abridor de latas foi uma ideia ridícula, mas Helene pôs isso na cabeça. Ficamos tão felizes que esquecemos dos leões e começamos a dançar e pular — complementou Jenny.

Elas dirigiram o trator até um hotel, onde finalmente encontraram segurança. Após dias vagando pelo deserto e sendo perseguidas por leões, Helene e Jenny estavam seguras. Elas foram atendidas e finalmente conseguiram ligar para a polícia, para a embaixada e para casa.

Ambas creditam uma à outra por sua sobrevivência.

— Se houvesse duas Jennys, estaríamos ambas mortas. Ou duas Helenes, estaríamos mortas. Mas sobrevivemos porque somos muito diferentes e foi a combinação perfeita — concluiu Jenny.

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