“É aquele negócio que o cavalo pula”, “a amazonas que monta o cavalo” e “não, não é hispismo” nem “Joquey” foram as alterativas que quatro meninas moradoras de Joinville encontraram para explicar a modalidade que praticam. O hipismo trouxe a cada uma delas títulos recentes nas categorias mini-mirim e escola.

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No Campeonato Catarinense de Amazonas deste último final de semana, Luma Bertão de Oliveira ficou em terceiro lugar saltando um metro, Rafaela Alvarez de Souza foi campeã dos 90 centímetros e Michelle Tardio de Souza pegou a vice-liderança nos 80 centímetros. Julyê Mesadri completa o quarteto com a conquista da quarta posição nos 90 centímetros do Campeonato Brasileiro de Hipismo, sediado em Florianópolis no final de julho.

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As quatro sonham em ganhar campeonatos e representar o Brasil nas olimpíadas. Para isso precisam encontrar o melhor conjunto. Luma que tem 11 anos e pratica hipismo na escola do Joinville Country Clube (JIC) desde os cinco, está adorando montar o Jasper das Umburanas. Julyê e Rafaela tem 11 anos e treinam na Escola do Centro Equestre Leme (Celeme). Rafa é um pouco mais experiente, pois começou aos cinco anos na modalidade, enquanto Julyê estreou aos oito, mas as duas concordam que Jump Time Vancouver é o cavalo ideal.

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– Ele me dá segurança – explica Rafaela.

– É um cavalo muito bom – concorda Julyê.

– Mais calmo, Não é agressivo, Não morde. Não corre. Não empina. É bem suave – especifica a campeã dos 90 centímetros.

– Ele tem lance – completa Ju.

O esporte levado como profissão exige das atletas um estudo aprofundado antes das competições. Elas precisam decorar o percurso estabelecido pela ordem dos obstáculos e quantos lances existem entre cada um deles, se deslizam na contagem acabam cometendo erros. Nas categorias mais avançadas o objetivo é chegar mais rápido ao final do percurso sem cometer faltas. No caso do quarteto joinvilense a meta é o tempo ideal, o que permite a prática do esporte com mais segurança. Para uma pista de 370 metros a velocidade ideal é de 350 metros por minuto. Quanto mais próximo do um minuto de percurso, melhor.

– Sempre tem alguma coisa errada – constata Luma.

Para corrigir as falhas o professor de hipismo Clodoaldo dos Santos trabalha com uma metodologia objetiva:

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– Eu faço a pessoa entender que está estudando o cavalo – explica ele, que não se contém ao ver o crescimento dos alunos – É uma alegria muito grande pegar uma criança que não sabia nem pegar uma rédea e ver no campeonato.

Na Bolívia

De sobrenome Tardio, Michele não nega as origens. É boliviana e desde os sete praticava hipismo na escola onde estudava. Parou por três anos assim que se mudou para o Brasil. Aos 13 anos, ela volta para a modalidade com a prática do esporte no JIC. Tanto na Bolívia quanto no Brasil, o hipismo é um esporte que exige muito investimento. A média mensal que os pais das meninas chegam a investir beira os R$ 3,5 mil. É trato com o cavalo, investimento em escola para treinar e gastos nas inscrições nas competições, tudo isso aliado a falta de patrocínio.

Neste final de semana ocorre uma competição interna organizada pela escola do JIC. As próximas competições estaduais e nacionais estão programadas para os últimos meses do anos, ainda sem data definida. De setembro a dezembro, entre o Rio Grande do Norte e o Rio Grande do Sul, mais 18 competições fazem a agenda do esporte.

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Esporte para todos

O Brasil tem uma das 133 confederações de hipismo espalhadas pelo mundo. A Federação Internacional, que comanda todas elas, fica sediada na Suíça. Dentro da hierarquia do hipismo, Joinville tem duas escolas ligadas à Federação Catarinense de Hipismo, filiada à Confederação Brasileira de Hipismo. São elas o a do JIC e a do Celeme. As duas escolas joinvilenses somam pouco mais de 120 praticante, um número considerado, em vista do tamanho da cidade , “pouco” por Cleide Leme, dona do Celeme.

Nem todos podem praticar o esporte com as meninas campeãs. Mas Cleide garante que o hipismo é para todos. Não é preciso se profissionalizar. Quem quiser praticar essa modalidade que movimenta 72 músculos do corpo apenas como atividade física tem a opção de fazer aulas duas vezes por mês pelo preço de R$ 318,00, já com o cavalo incluído na despesa. Cleide garante que nenhum esporte movimenta tanto corpo e é tão completo:

– Traz controle emocional e a sensação de estar lá em cima e não pensar em mais nada.