O oficialista Jovenel Moise e o opositor Jude Celestin disputarão o segundo turno de dezembro no Haiti, após um polêmico primeiro turno que causou protestos, segundo resultados definitivos publicados pelas autoridades eleitorais nesta terça-feira.
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Nas eleições de 25 de outubro, Moise obteve 32,76% dos votos e Celestin 25,29%, anunciou o Conselho Eleitoral Provisório (CEP), cujos números são quase iguais aos resultados preliminares publicados em 5 de novembro.
Moise, que estreou na política aos 47 anos, representa o Partido Haitiano Tet Kale (PHTK), enquanto Celestin (53) é o candidato do partido Lapeh (Liga Ampla pelo Progresso e Emancipação do Haiti) e busca pela segunda vez o poder, depois de que em 2010 sua candidatura foi apoiada pelo então presidente René Préval.
Nenhum grave incidente ocorreu durante as eleições de outubro, mas nos dias seguintes a oposição multiplicou as acusações sobre uma “fraude em massa” para beneficiar o oficialismo, causando manifestações na capital e nas principais cidades do país.
Os protestos foram liderados principalmente por partidários de Moise Jean-Charles, um dos cinquenta candidatos opositores e que obteve um pouco mais de 14% dos votos para o partido Pitit Dessalines, duro crítico do presidente em final de mandato Michel Martelly.
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A publicação dos resultados definitivos “não irá mudar o curso dos fatos porque o povo está e estará nas ruas até que sejam cumpridas suas demandas”, informou à AFP Assad Volcy, porta-voz do Pitit Dessalines.
“Trata-se pura e simplesmente de uma agressão contra a vontade do povo haitiano, que está nas ruas para reclamar seu voto”, prosseguiu.
“Todo o mundo pôde constatar as fraudes em massa”, reconheceu Pierre-Louis Opont, presidente do CEP, assegurando que foi realizado o trabalho necessário de eliminação de registros fraudulentos.
O Conselho Eleitoral pediu calma. “Necessitamos de muita serenidade e de união para chegar à eleição legítima de um candidato”, afirmou Opont.
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O segundo turno presidencial está previsto para 27 de dezembro e o novo presidente do Haiti tomará posse em 7 de janeiro.
A Constituição haitiana impede que Martelly se candidate a um segundo mandato consecutivo.
Desde o final da ditadura dos Duvalier em 1986, o Haiti vive uma crise democrática marcada por golpes de Estado e eleições impugnadas que prejudicaram o desenvolvimento econômico do país mais pobre das Américas e marcado por um devastador terremoto em janeiro de 2010, que deixou mais de 200.000 mortos e que destruiu boa parte da infraestrutura do país.
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