A cena de um jovem “nadando” no terminal central de Joinville alagado chamou a atenção nas redes sociais. O caso aconteceu após as fortes chuvas atingirem a cidade no último sábado (24). Conforme especialistas, porém, o caso pode trazer riscos à saúde, incluindo doenças como leptospirose e hepatite.

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Em um vídeo que circula nas redes sociais, o jovem se diverte enquanto caminha, mergulha e até nada nas águas que se acumularam no terminal. Outras pessoas que estão no local o incentivam e se divertem com o caso. Na internet, a cena recebeu comentários críticos.

— Amanhã está no Pronto Atendimento tirando a vaga de quem realmente precisa — publicou uma usuária. 

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Para Ricardo Ruiz Mazzon, professor do Departamento de Microbiologia, Imunologia e Parasitologia da Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC), ao ter contato com a água da chuva acumulada no solo, as doenças podem ser contraídas por algum tipo de lesão na pele, pelo olho, boca, órgão genital. 

— Se tiver qualquer uma micro lesão ao longo do corpo, pode até ser mesmo uma espinha, já poderia ser uma porta de entrada. As genitálias ficam na água e as mucosas ficam em contato com essa água, então pode ser uma porta de entrada para doenças — explica. 

Entre as doenças que podem ser adquiridas, Ricardo cita a cólera, inúmeros quadros de diarreia, poliomielite, vírus da hepatite A, parasitose e a giardia. 

— Essas infecções podem evoluir para quadros mais graves com infecção de corrente sanguínea também, a depender também do estado de imunocompetência do paciente — pontua. 

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Já o biomédico Victor Hugo da Silva destaca os riscos com a leptospirose. De acordo com ele, neste caso, não há necessidade de feridas abertas para adquirir a doença, já que ela tem capacidade de perfurar a pele íntegra. 

— A gente pensa em doenças bacterianas por meio da transmissão da pele, mas nós também temos que pensar nas doenças que são transmitidas via oral, pela ingestão oral da água, que também pode ocorrer — afirma. 

Durante a manhã deste domingo (25) a prefeitura de Joinville decretou situação de emergência por conta do grande volume de chuva que atingiu a cidade neste fim de semana. Nas últimas 24 horas, a região registrou um acumulado de 215 milímetros de chuva e cerca de 50 ocorrências até o meio-dia deste domingo.

Veja o vídeo do jovem nadando em terminal alagado

O que fazer em enchentes 

Conforme o biomédico Victor Hugo da Silva, em situações em que a pessoa precisa passar ou ficar em áreas com enchente, é menos prejudicial ficar com água na altura do pé, canela ou até a cintura. Se a pessoa estiver de roupa, ocorre maior barreira de contenção para as bactérias. O corpo inteiro na água, porém, significa mais riscos. 

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Para ele, o ideal para prevenir doenças é a utilização de galocha e de bota e, sempre que possível, ferver a água antes de usá-la. Além disso, ao ter contato com água de enchente, é recomendado procurar um médico, farmacêutico e receber indicações de medicamentos que diminuam uma possível infecção.

— Nos primeiros sinais de febre, de mal-estar, procure imediatamente o atendimento médico hospitalar — finaliza.

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