Um relacionamento entre adolescentes que começou há três anos em Xanxerê, no Oeste do Estado, terminou de forma trágica na madrugada desta sexta-feira, em Palhoça, na Grande Florianópolis. Andriele Vieira Veloso, de 16 anos, foi morta dentro de casa pelo companheiro Jean Lucas dos Santos, 18 anos, com um golpe de faca no pescoço. Horas antes, Santos, que confessou o crime e está preso, matou o primo Cláudio Luiz Alves, de 27 anos. A motivação, segundo depoimento dele, teria sido traição.
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O jovem casal mudou-se para a casa onde morava na rua Afonso Pena, no Brejaru, há poucos dias. Segundo a irmã de Santos, que mora com a mãe ao lado da casa do casal, Andriele não tinha contato com a família dela. A irmã contou que as brigas entre eles eram constantes por causa de ciúmes de ambas as partes.
Na noite desta quinta-feira, após uma briga, Andriele foi para a casa de Cláudio. Pouco tempo depois, Santos apareceu na casa e matou o primo com golpes de tesoura. Antes de ir embora, ateou fogo no carro do primo e ameaçou matar Andriele. Foi para a casa da mãe e pediu um prato de comida.
— Ele chegou dizendo que estava com fome. Depois ele contou que pegou os dois juntos e que matou o Cláudio — disse a irmã.
Horas depois, a adolescente voltou para casa e os dois retomaram a discussão. Santos disse em depoimento que no meio da conversa abraçou Andriele por trás, fechou a boca dela para que ela não gritasse e desferiu um golpe com faca de cozinha no pescoço dela. Após o segundo assassinato, esperou a polícia chegar.
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— Ele era um menino bom, nunca imaginei que ele fosse fazer isso — disse a mãe dele, Leônidas Aparecida dos Santos, 49 anos, ainda abalada, na manhã desta sexta.
O filho do casal, um menino de apenas um ano, foi levada para a casa de uma tia. O Conselho Tutelar ficou responsável por verificar se a criança está em situação de vulnerabilidade e intermediar o contato com a família materna.
93 assassinatos de mulheres em SC
Até agosto deste ano, 93 mulheres foram assassinadas em Santa Catarina. Segundo os dados da Secretaria de Segurança Pública, dessas, 26 foram mortas em contexto de violência doméstica — quando caracteriza o feminicídio, que é uma qualificadora do crime de homicídio (pena de seis a 20 anos) e pode elevar a pena para 12 a 30 anos de prisão.
— A mudança legal para agravar as mortes pelos motivos de violência doméstica serve para tentar mudar essa culta da violência contra a mulher — frisou a delegada Eliane Chaves, de Palhoça
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Indicado por dois tipos criminais
Jean Lucas dos Santos, que confessou ter cometido os crimes em Palhoça, está preso na Delegacia de Proteção à Criança, Adolescente, Mulher e Idoso (Dpcami) do município. Ele deve ser transferido para uma unidade prisional assim que abrir vaga. A delegada Eliane, pretende indiciá-lo pelo feminicídio contra a companheira, em função de o crime ter ocorrido em contexto familiar, e por homicídio qualificado por meio cruel contra o primo.
— Ele contou os crimes em detalhes. O depoimento foi bem longo e ele se manteve frio durante o interrogatório — observou a delegada.
O auto de prisão em flagrante já foi encaminhada para o Ministério Público e à Justiça. A delegada ainda pretende ouvir outras testemunhas. Os depoimentos e os laudos periciais serão anexados ao inquérito.
— Ele disse que veio para Palhoça antes e ela veio depois com a criança. Quero esclarecer em quais circunstâncias ela veio para cá — acrescentou Eliane.
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