Uma jovem de 20 anos foi agredida no sábado de Carnaval, no Centro de Florianópolis, ao defender amigas homossexuais. A garota levou um soco no rosto e registrou boletim de ocorrência na 1ª Delegacia de Polícia da Capital. A investigação será encaminhada à 6ª DP, de Proteção a Criança, Adolescente, Mulher e Idoso. Imagens de câmeras de segurança de um restaurante próximo do local do crime devem ajudar na identificação do agressor.

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Conforme o relato da vítima, que prefere não se identificar, a violência ocorreu por volta das 22h, quando ela e cinco amigas estavam indo do bloco Comuna que Pariu em direção ao Centro. Durante o percurso, uma das mulheres foi assediada por um homem, que tentou beijá-la a força. Ao perceber que ela estava de mãos dadas com a sua companheira, de acordo com a jovem agredida, ele recuou de maneira agressiva.

O grupo de mulheres decidiu seguir até o Angeloni da Avenida Rio Branco. No caminho, as jovens perceberam que estavam sendo seguidas pelo mesmo rapaz, junto com um casal heterossexual. O homem então ofendeu as meninas e tentou empurrar uma delas. Nesse momento, a vítima da agressão estendeu o braço para tentar defender as amigas, levou um soco e caiu no chão. O agressor foi cercado e ainda teria dado chutes nas costas de outra mulher, além de ameaçar de morte “todas as lésbicas”.

Segundo a vítima, inicialmente, não havia nenhum policial disponível na delegacia da Polícia Civil e por isso elas foram direto ao Hospital Celso Ramos, onde teria sido negado o atestado de lesão corporal sem apresentar o boletim de ocorrência. As mulheres então retornaram à DP e conseguiram fazer o BO.

A jovem agredida fez um post nas redes sociais, que teve quase 300 compartilhamentos até o meio-dia desta terça-feira.

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“NÓS fomos agredidas por aquele soco, NÓS somos violentadas diariamente por essa sociedade machista, patriarcal e misógina, NÓS! (…) O meu caso, infelizmente, não é um caso isolado. Florianópolis, a Ilha da magia e considerada gay friendly, teve muitos registros de violência de gênero e homofóbicas nas últimas horas de Carnaval.

Não seremos NENHUMA a menos, e se há algo que você pode fazer por todas nós mulheres, pra muito além de cuidados com a minha integridade física e mental, é não compactuar com o machismo, é empoderar cada vez mais as mulheres que nos cercam (…)”, escreveu.

Em entrevista ao Diário Catarinense, ela destacou o apoio que tem recebido de pessoas próximas, fundamental para superar esse momento:

— Eu estou aliviada por conhecer tanta gente de luta, de manifestações, porque isso tem me ajudado muito com rede de apoio de varias formas. Os próximos que não me deixaram sozinha por nenhum minuto e aos que estão ajudando da maneira que podem — desabafou.

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Agressão na Lagoa

Ainda não há dados fechados e oficiais sobre violência envolvendo gênero e homofobia no Carnaval, mas este foi pelo menos o segundo caso grave nos últimos dias em Florianópolis. Dois meninos gays foram agredidos na madrugada de segunda, no ensaio da União da Ilha da Magia na Lagoa da Conceição.

Vítor Delboni, 25 anos, e Leomir Bruch, 23 anos, foram agredidos depois de Bruch ter dado um beijo em seu amigo ao deixar o local. A violência motivou um protesto organizado pelo Conselho Municipal dos Direitos LGBT na noite de segunda, durante o desfile da União da Ilha pelas ruas da Lagoa. A escola nega que o agressor seja integrante da agremiação.