Ezequiel de Souza Correa, 28 anos, não teve uma infância comum e o fato de ter que conviver com uma má formação desde que nasceu fez dele um vencedor, literalmente. Ele tem hemimelia fibular, doença que afetou o desenvolvimento dos membros inferiores. A história de superação, que vem desde a infância, levou a jovem a fazer parte do grupo de pessoas que conduzirá a tocha olímpica no Brasil. A missão dele será em Tubarão, no Sul de Santa Catarina.

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Ezequiel já passou por cirurgias corretivas, andou de muletas e cadeira de rodas, e sofreu preconceito na escola:

-Recebi muitos apelidos, era bem complicado. Tenho 1,48 m, no colégio me chamavam de anão e caçoavam dos problemas nas minhas pernas e nos meus pés, pois tenho apenas três dedos em cada pé.

Como não podia correr e brincar, Ezequiel assistia na televisão aos filmes de Jean Claude Van Damme e Arnold Schwarzenegger e desejava ser forte como seus ídolos. O garoto não perdeu de vista o sonho e acreditou que poderia realizá-los.

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Aos 13 anos parou de fazer fisioterapia porque não surtia mais os efeitos desejados. Três anos mais tarde, por recomendação médica, começou a se exercitar em uma academia para fortalecer os membros superiores e a lombar. Foi ganhando força e gostando cada vez mais da rotina, até passar a intensificar os treinamentos.

Paixão pelo halterofilismo

No fundo, o garoto que se encantava com os atores fortes na televisão e no cinema desejava ser um atleta. Mas diante de tantas dificuldades físicas ele já não acreditava que pudesse realizar o seu sonho. Tudo mudou quando conheceu o halterofilismo.

-Eu sempre quis ser atleta e deu certo! Participei da primeira competição aos 25 anos, no 9º Campeonato Sul Brasileiro de Levantamento de Peso, em Balneário Camboriú. Concorri na categoria até 65 quilos, aberta a competidores com e sem deficiência, e quebrei o recorde brasileiro. Levantei 170 quilos, a marca anterior era de 130 quilos – conta o halterofilista orgulhoso do feito e atual campeão brasileiro na categoria até 72 quilos.

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Clique na imagem e veja a história dos outros condutores da tocha olímpica

A evolução de Ezequiel no esporte foi muito rápida. Logo após o Sul Brasileiro foi convidado pelo técnico da seleção brasileira paralímpica, Francisco Teles, para fazer um teste no Centro de Halterofilismo Paralímpico, em São Bento do Sul. O bom desempenho nos treinamentos levou o atleta a participar das provas do Circuito Caixa especiais para pessoas com algum tipo de deficiência física.

-Sou o único atleta a trazer medalhas para Santa Catarina no halterofilismo paralímpico. Tenho esperança de, em breve, ser chamado para integrar a seleção brasileira. Fiquei muito perto da vaga para a paralimpíada, o meu sonho era estar lá – lamenta. Mas já planeja estar nos jogos de Tokyo, em 2020. Garante que estará mais preparado e experiente.

A história de superação de Ezequiel ganhou recentemente um ingrediente a mais. Ele será um dos condutores da tocha olímpica em Santa Catarina e não cabe em si, de tanta felicidade:

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-Vi as pessoas na televisão carregando a chama, que foi acesa lá na Grécia, e me dei conta que ela vai passar na minha mão, é muita emoção. Já ri, já chorei e contei para todo mundo, os amigos e a família estão tão ansiosos quanto eu e vão me acompanhar neste dia especial.