Quando Priscila Azevedo Bernardi tinha três anos e deixava algo cair no chão, dificilmente conseguia pegar de volta. Ao assistir à televisão, tinha que quase fechar os olhos e esbarrava com frequência em pequenos obstáculos. Os sintomas da perda do campo de visão se transformaram em diagnóstico aos sete anos: retinose pigmentar, doença hereditária que causa a degeneração da retina e que faz com que gradualmente a pessoa perca a visão.
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Sem tratamento para a doença, a esperança da jovem de Joaçaba, hoje com 22 anos, é o mapeamento genético, que custa R$ 11 mil. Priscila espera arrecadar o dinheiro através de financiamento coletivo. Com a campanha, que começou no dia 25 de maio no site Vaquinha, ela já conseguir mais de R$ 2,6 mil.
– Quero descobrir qual dos meus genes é o responsável pelo meu tipo de retinose. Descobrindo, pode ser que já haja um tratamento experimental em curso para esse gene, e aí eu poderia ser uma das cobaias – explica.

Atualmente, ela tem 5% de visão no olho direito e 40%, no esquerdo. Para driblar, ou pelo menos estabilizar o quadro, Priscila aposta em alimentação saudável, prática de exercícios e controle emocional.
Ayrton Ramos, presidente da Sociedade Catarinense de Oftalmologia e especialista em retina e vítreo, afirma que os primeiros sintomas costumam ser diminuição da visão, principalmente noturna, e do campo de visão.
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– Um exame oftalmológico do fundo de olho já detecta a doença, pois há presença de pigmentos na retina.
Ramos destaca que em muitos casos o que causa a cegueira são as complicações, como catarata, glaucoma, deslocamento da retina.
– Isso é evitável, porém as pessoas recebem diagnóstico e esquecem de fazer controle.
A perda de visão é gradual e, segundo o especialista, leva em torno de 20 a 30 anos para chegar à cegueira completa.
Um dos avanços para os que que já não podem enxergar devido à doença é um chip instalado na retina e que se comunica, via wireless, com uma câmera fixada no óculos. Assim, a pessoa recupera a capacidade de ver vultos e diferenciar formas. O tratamento, por enquanto, só está disponível nos Estados Unidos e custa em torno de US$ 100 mil.
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Se um membro da família é diagnosticado com RP, recomenda-se que os outros membros da família também passem pela avaliação de um especialista para diagnosticar uma eventual doença degenerativa da retina.