A jovem Carolina Arruda, que tem neuralgia do trigêmeo, está internada por tempo indeterminado para tratamento do que é considerada “a pior dor do mundo”. Entre as atividades que fazem parte da rotina hospitalar, além da medicação, estão terapias como a neuromodulação. As informações são do g1.

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Ela está internada desde o dia 8 de julho na Clínica da Dor, ligada a Santa Casa de Alfenas (MG). Nessa semana, ela iniciou o tratamento com neuromodulação, técnica que utiliza estímulos elétricos para buscar um alívio das fortes dores que sente.

Carolina aguarda por uma cirurgia de implante de dispositivos que irão bloquear os estímulos dolorosos, o que deve ocorrer no dia 27 de julho.

— Eu estou esperançosa. Estou com uma expectativa bem alta para essa cirurgia. Eu sei que eu não posso ficar criando tanta expectativa, porque eu tenho risco de me decepcionar depois. A gente não sabe se vai dar certo, mas temos outras opções cirúrgicas para procurar — afirmou.

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Depois de dois dias internada na Clínica da Dor, Carolina foi para a UTI para receber medicamentos. Já no quarto, ela relatou que passou por um período sem dores, algo que não havia ocorrido em mais de uma década.

No dia seguinte, contudo, os sintomas voltaram, ainda que em menor intensidade. Ela relata também sentir febre e dores que oscilam ao longo do dia, além sonolência em alguns momentos, e dificuldade para dormir em algumas noites.

Outra terapia utilizada durante a internação é a terapia adjuvante, em que o procedimento de eletro neuromodulação é combinado com exercício físico de baixa intensidade. A jovem também já passou por ajustes nas medicações, já que no decorrer do tratamento as doses devem ser alteradas, de acordo com a equipe médica. Alguns remédios são comprimidos, e a maioria é endovenoso.

Ela não possui restrições alimentares, mas a recomendação é de uma dieta saudável e anti-inflamatória, evitando alimentos com açúcar, farinha, trigo e glúten para tentar controlar a fase de inflamação crônica.

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Carolina é acompanhada por uma equipe de fisioterapia, além de profissionais de medicina, psicologia, nutrição e enfermagem, que diariamente acompanham o caso na Clínica da Dor.

Veja fotos da jovem com “a pior dor do mundo”

O que é neuralgia do trigêmeo

A neuralgia do trigêmeo causa dor intensa em toda a face, uma parte da cabeça e também da cavidade bucal. Normalmente, a dor vem de forma súbita, sem alguma causa definida, mas pode haver gatilhos: vento frio no rosto, mastigar ou até bocejar.

Mulheres a partir dos 50 anos são mais suscetíveis à condição, segundo o neurologista Wuilker Knoner Campos, presidente da Sociedade Brasileira de Neurocirurgia. A estimativa de incidência no Brasil é de 4,5 a cada 100 mil habitantes.

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Ela acontece quando a parede da artéria se desloca e encosta no nervo trigêmeo, dentro do crânio. Quando a artéria pulsa, ela machuca o nervo, causando a dor. Casos mais leves podem ser tratados de forma mais simples, mas situações graves exigem cirurgia para afastar a artéria e o nervo.

Como foi o diagnóstico

Carolina sentiu a dor, considerada a “pior dor do mundo”, pela primeira vez aos 16 anos, sentada no sofá da casa da avó. Ela contou que foi como uma facada, um choque. Ela estava grávida de quatro meses na época.

— Na hora, eu não conseguia falar nada, só gritava e chorava — diz.

Depois da primeira crise, o diagnóstico veio quatro anos depois. Foram 27 neurologistas até o resultado. Mesmo depois disso, a dificuldade foi encontrar um médico que a operasse. Havia risco de sequela e, por Carolina ser muito nova, os médicos se negavam. As quatro cirurgias não funcionaram. A última deixou parte do lado direito do rosto da jovem paralisado.

Com as dores intensas, a jovem chegou a divulgar uma vaquinha online para sair do país e fazer a eutanásia, o suicídio assistido. No Brasil, o procedimento é considerado crime. A possibilidade de eutanásia é de conhecimento da família de Carolina. No entanto, não aceitam. A filha dela, de 11 anos, diz que vai sentir muita falta da mãe.

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 Após a possibilidade de um novo tratamento, a estudante ainda não descarta eutanásia no exterior, mas disse que pode reavaliar decisão a depender do resultado.

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