Um jovem surdo que perdeu o testículo por um erro médico em Coronel Freitas, Oeste de Santa Catarina, será indenizado em R$ 70 mil. A vítima teve um diagnóstico errado que atrasou o atendimento necessário e o fez perder o órgão. A decisão foi do Tribunal de Justiça do Estado, 13 anos após o ocorrido. 

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O caso ocorreu em setembro de 2019. Segundo a Vara Única da comarca de Coronel Freitas, a vítima tinha 13 anos na época, e chegou com uma torção de testículo em uma unidade médica do município. A médica acusada argumentou que ele chegou com fortes dores abdominais e vômito e então foi medicado e retornou para casa. 

No entanto, 48 horas depois, a vítima foi a outro posto de saúde, onde o problema foi verificado, mas não era mais possível salvar o órgão. Em depoimento, a segunda médica que atendeu o jovem alegou que era evidente o diagnóstico, uma vez que o órgão estava inchado e um ultrassom confirmou a torção. 

Para a extração do testículo, ele foi encaminhado para o Hospital Regional do Oeste, em Chapecó, onde foi feita a cirurgia. A última médica que o atendeu ressaltou que a deficiência não imprediu o jovem de expressar claramente o local onde sentia a dor intensa, além de ser ajudado pelos pais que acompanharam nos atendimentos. 

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O juiz substituto Claudio Rego Pantoja decidiu que hospital de Coronel Freitas e a médica deverão pagar a indenização de R$ 70 mil para o jovem. Segundo o TJ, o magistrado considerou que o mínimo que se espera de um profissional médico é a requisição de todas as diligências necessárias para viabilizar um diagnóstico e tratamento seguro.

“É preciso ponderar que houve manifesta agressão aos direitos fundamentais inerentes à personalidade, pois o jovem autor perdeu parte de seu órgão reprodutor (testículo do lado esquerdo), com consequências fisiológicas, além da própria mutilação, que podem se estender a outros eventos como causação da infertilidade, o que certamente é capaz de causar constrangimento pessoal permanente (sequela permanente)”, observou o juiz.

Torção de testíulo é comum em adolescentes e pode ser grave

Os autos do processo entre o hospital e o jovem explicam que o problema é comum entre adolescentes. O documento mostra que a torção de testículo ocorre, normalmente, entre 12 e 18 anos de idade, mas pode se dar também, com menor frequência, durante a infância e na idade adulta. 

O problema ocorre devido à torção do cordão espermático – que liga o testículo à bolsa escrotal. É esse cordão contém as estruturas vasculares que irrigam o testículo, gerando uma redução importante da entrada de sangue arterial. Quando o problema acontece, em poucos minutos a dor se torna intensa e aguda.

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Geralmente, a torção ocorre em períodos de repouso, muitas vezes durante o sono, fazendo com que o paciente acorde devido à forte dor, que pode se estender ao abdômen e virilha, além de causar vômitos. O tratamento consiste em cirurgia, que deve ser realizada no prazo máximo de seis horas para a preservação do órgão.

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