Juliana Leite Rangel, baleada na cabeça quando estava a caminho da ceia de Natal, começou a despertar e já responde a estímulos, informou o Hospital Municipalizado Adão Pereira Nunes. A jovem, de 26 anos, está internada no CTI da unidade desde 24 de dezembro, quando foi atingida por disparos da Polícia Rodoviária Federal (PRF) no Rio de Janeiro. As informações são do O Globo.
Continua depois da publicidade
Clique aqui para receber as notícias do NSC Total pelo Canal do WhatsApp
Segundo o boletim médico divulgado na manhã desta quarta-feira (1º), o estado de saúde de Juliana segue grave, mas com melhora progressiva. Ela passou por uma traqueostomia no último dia 30. A sedação e a ventilação mecânica vêm sendo reduzidas. A jovem apresenta “boa resposta a essa redução de suporte”, diz o boletim.
Segundo o informe, do ponto de vista neurológico, ela “mantém reflexos preservados”. Não é possível, porém, fazer uma avaliação completa do nível de consciência e nem se a vítima terá possíveis sequelas permanentes.
“O processo de desmame de sedação e ventilação mecânica seguirá, de acordo com a tolerância da paciente. A mesma segue acompanhada pelo serviço de neurocirurgia e cirurgia torácica, em conjunto com equipe multidisciplinar”, complementa o boletim.
Continua depois da publicidade
Quem é a jovem de 26 anos baleada na cabeça pela PRF a caminho da ceia de Natal
A caminho da ceia de Natal
Na noite de 24 de dezembro, Juliana estava no banco de trás do carro da família, ao lado do irmão mais novo, de 17 anos, e da namorada dele. Na frente, estavam a mãe da jovem, Dayse Rangel — no carona, com o cachorro de estimação no colo —, e o pai da jovem, Alexandre da Silva Rangel, que conduzia o veículo. Todos seguiam para Niterói, na Região Metropolitana do Rio, onde passariam o Natal com parentes.
— A gente foi passar o Natal na casa da minha outra filha. Estávamos com a ceia toda no carro. Olhei pelo retrovisor, vi o carro da polícia e até dei seta para eles passarem, mas eles não ultrapassaram. Aí começaram a atirar, e falei para os meus filhos deitarem no assoalho do carro. Eu também me abaixei, sem enxergar nada à frente, e fui tentando encostar. O primeiro tiro acertou nela. Quando paramos, pedi para o meu filho descer do carro, então olhei para Juliana: ela estava desacordada, toda ensanguentada, tinha perdido muito sangue. Eles chegaram atirando como se eu fosse um bandido. Foram mais de 30 tiros — falou.
“Foram mais de 30 tiros”, diz pai de jovem baleada na cabeça pela PRF no RJ
Alexandre, que foi atingido nos dedos, conta que os vidros dianteiros do carro estavam abertos. Ele chegou a pensar que toda família iria morrer.
— Meu Natal acabou ali. Eles nem me abordaram, só atiraram. Meu dedo está com o osso todo exposto. Se tivessem nos abordado, com certeza teríamos parado. A janela dianteira do carro estava aberta, mas o vidro é escuro. Naquele momento, só pensava que era o nosso fim. Depois, só pedia para não deixarem minha filha morrer. Creio e estou rezando para que ela saia dessa — desabafou.
Continua depois da publicidade
Agentes foram afastados do cargo
Os agentes da PRF reconheceram em depoimento que dispararam contra o carro da família de Juliana Leite Rangel. A equipe, formada por dois homens e uma mulher, foi afastada do cargo.
A defesa dos policiais envolvidos na abordagem ressalta que seus clientes “são servidores respeitados” e que “nunca responderam a processos administrativos”. Em nota, o advogado Luiz Gustavo Faria diz que “algumas versões que foram noticiadas não reproduzem o que aconteceu”. Segundo o posicionamento, os policiais receberam informações envolvendo um carro de mesmo modelo que o da família de Juliana e que, após ouvirem estampidos, “que naquele momento acreditava-se sair do carro da família”, os agentes dispararam.
Em nota, a PRF disse que determinou a abertura de um procedimento interno relacionado ao caso e informou o afastamento dos agentes envolvidos. A Polícia Federal também investiga o crime.
*Sob supervisão de Luana Amorim
Leia também
Mulher mata marido com facão após ser atacada com motosserra em SC
Criança que comeu bolo contaminado com arsênio no RS escreve carta pedindo orações
Briga acaba em tiroteio com vários mortos em Montenegro; suspeito está foragido