Nada de agência matrimonial ou bate-papos pela internet. Ao dar chance a um novo relacionamento, Rosilda Fernandes procurou um programa de rádio bastante tradicional em Joinville. A comerciante apostou apenas em um pseudônimo, “o solitário”.

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E já faz quatro anos que Pedro Lorh, dono do adjetivo, não precisa mais se camuflar. A solidão se transformou em casamento graças ao programa “De Coração prá Coração”. No rádio tudo fica no imaginário.

Por 12 anos, os ouvintes que sintonizassem o programa não tinham ideia de que o dono daquela voz grave tinha olhos verdes e sorriso tímido. Ninguém o via, mas o efeito que o radialista Jota Andrade causava na vida das pessoas saltava aos olhos de muita gente.

Há dois anos e meio, o programa migrou para a TV e há seis meses deixou de ir ao ar pelo rádio. Jota lê perfis e abre espaço para as ligações. Mas a participação dele não termina aí:

– As pessoas me procuram para contar se deu certo. Quando não dá, cobram explicações – conta o radialista.

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Desde que migrou para a TV, Jota Andrade passou a receber bilhetinhos na rua para serem lidos no ar. São cerca de 40 deles por semana. Alguns como “escorpiano carente procura morena, estatura média, com mais de 30 anos”.

Mas há quem não vá para o lado astrológico e apele para as características físicas. Aí aparecem ligações da morena em busca do amor, do galego solitário.

– São pessoas que não gostam de badalar para achar alguém. A cidade cresce e com ela aumenta também a solidão – afirma.

Curiosamente, diz ele, de uns tempos para cá disparou o número de mulheres interessadas em quem não tenha vícios.

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– A maioria se decepcionou com homens que bebiam ou fumavam demais – explica.

Apesar do nome romântico do programa, há quem ligue para Jota apenas para procurar um ouvido atencioso. “Preciso de alguém para conversar, você pode falar comigo?”. Muitas e muitas vezes foi esse o pedido que o radialista/divã atendeu e pelo qual se pendurou um bom tempo ao telefone.

– É gratificante poder ajudar – afirma.

Mas o envolvimento para por aí. Jota garante que prefere manter separadas as linhas entre o profissional e o pessoal:

– Mas se tiver que acontecer, a pessoa vai me encontrar. Já aconteceu de algumas ouvintes me procurarem.

Com um casal de filhos, a ponte entre muitos corações apaixonados até hoje nunca se casou.

– Muitas pessoas acham que tenho esposa e eu respondo: sou como um padre que casa e não é casado – brinca.

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Rosilda e Pedro, que se conheceram pelo programa, marcaram o primeiro encontro na esquina de uma padaria e depois foram a um barzinho conversar. Três meses depois estavam juntos.

– Não tínhamos tempo para perder, eu já tinha 39 e ele, 54 anos – conta ela.

No início, Pedro andava amargurado e ela não perdeu tempo.

– Percebi que ele estava sofrendo com a separação e precisava muito de carinho – comenta.

O casamento já tem herdeira: Petra, de um ano e meio, recebeu no primeiro aniversário uma visita ilustre.

– O Jota foi no aniversário da nossa filha e quando nos casarmos ele será nosso padrinho – comenta Rose.

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