Os jornalistas espanhóis Jose Manuel Lopez, Antonio Pampliega e Ángel Sastre retornaram à Espanha neste domingo depois de dez meses de cativeiro na Síria, onde foram sequestrados por um grupo da Al-Qaeda quando faziam a cobertura da guerra civil no país.
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A libertação do grupo ocorreu no sábado, e neste domingo os três tomaram um avião na Turquia que aterrissou às 10H00 (05H00 de Brasília) na base militar de Torrejon de Ardoz, nos arredores de Madri, informou um porta-voz do governo.
Sob uma chuva persistente, eles foram recebidos pela vice-presidente Soraya Saenz de Santamaria e parentes. A irmã de Pampliega, Alejandra, se lançou sobre ele quando saiu do avião, sorrindo e em bom estado aparente, de acordo com imagens divulgadas pelo governo.
“A melhor notícia do mundo. Chorar de alegria seria pouco”, escreveu no Twitter horas antes.
“Bem-vindos!”, publicou na rede social o primeiro-ministro espanhol, Mariano Rajoy, ao lado de uma fotografia dos jornalistas descendo do avião.
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Segundo o Observatório Sírio de Direitos Humanos (OSDH), os três foram vistos pela última vez em 13 de julho de 2015 no bairro de Maadi (Alepo), controlado por diferentes grupos rebeldes. Viajavam a bordo de uma caminhonete quando foram sequestrados por um grupo de homens.
Fontes do governo indicaram neste domingo que eles foram mantidos reféns pela Frente Al-Nosra, o braço sírio da Al-Qaeda. Segundo estas fontes, eles receberam um tratamento melhor do que os outros três jornalistas espanhóis sequestrados entre 2013 e 2014 pelo Estado Islâmico, responsável pela execução de vários reféns.
O desaparecimento foi divulgado no dia 21 de julho, dez dias depois da última comunicação com os três repórteres, que haviam entrado na Síria através da fronteira turca no início deste mês.
O país, imerso em uma violenta guerra civil desde 2011, é o mais perigoso do mundo para jornalistas, segundo a ONG Repórteres sem Fronteiras, que contabiliza dezenas de jornalistas mortos desde o início do conflito.
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“O dia que esperávamos”
Os três trabalhavam como jornalistas independentes, colaborando com diversos veículos espanhóis. Pampliega e López colaboraram com a cobertura da AFP no conflito.
No sábado, o governo espanhol e a federação espanhola de imprensa anunciaram a libertação dos três, agradecendo a ajuda da Turquia e do Catar.
A investigação sobre o desaparecimento dos jornalistas foi conduzida pelo serviço de inteligência espanhol.
“Enfim chegamos ao fim que esperávamos a quase um ano: nos sentimos felizes e aliviados”, afirmou neste domingo a presidente da organização Repórteres Sem Fronteiras (RSF) na Espanha, Malén Aznárez.
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“Quando conversei com ele por telefone foi maravilhoso. Tinha a mesma voz de sempre, de quando era criança”, declarou emocionada a mãe de Antonio Pampliega, María del Mar Rodríguez Vega, citada pela RSF.
Todos os três jornalistas tinham experiência em zonas de conflito. Sastre, de 35 anos, realizou vários trabalhos na América Latina, inclusive nas prisões de El Salvador ou nas rotas de migração entre o México e os Estados Unidos.
Pampliega, de 33 anos, trabalhou no Iraque, Líbano, Paquistão, Egito, Afeganistão, Haiti, Síria e Sudão do Sul.
López, o mais velho com 45 anos e muito premiado, cobriu como fotojornalista a situação no Afeganistão, Iraque e Haiti.
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* AFP