Depois de uma madrugada viajando na sexta-feira, o sábado inteiro com os pés molhados por registrar os prejuízos que a água causou em Rio do Sul, o motorista do Diário Catarinense Márcio Jampier sai do hotel para a última tarefa da jornada de trabalho: levar o carro para longe do rio porque o local é área de risco. O alerta vem dos funcionários que já tiraram tudo do hall de entrada.

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Durante o dia é mais fácil ter dimensão do estrago, que fica claro com um sobrevoo em helicóptero. A força-tarefa montada no prédio da Guarda Municipal, onde estão os técnicos da Defesa Civil enviados de Florianópolis, estão em alerta máximo. O rio começou a subir e a tarde de domingo foi decisiva para a cidade. Não houve destruição porque todo mundo tirou movéis e eletrodomésticos de casa.

Dois locais estão preparados para receber doações: cobertores, colchões, alimentos, fraldas e água potável são os itens de maior necessidade. Mas até ontem à noite o nível de doações subia numa velocidade muito menor do que a do rio Itajaí-Açu. Idalio Sartori, coordenador da Obra Kolping, local que recebe material, disse que recebeu muito pouco. Basicamente verduras, ovos e pães. Os doadores foram moradores de Rio do Sul.

Mas não há reclamações quanto à ajuda de corporações estaduais. Com o avanço das águas chegaram os helicópteros da Polícia Civil e do Corpo de Bombeiros e policiais militares ambientais. Eles trabalham no atendimento às áreas isoladas levando remédios para pacientes crônicos que ficam ilhados e material para cidades vizinhas que não podem ser acessadas porque as estradas estão embaixo d’água.

O trabalho é reconhecido pelos habitantes de Rio do Sul. No final da tarde, a comerciante Laura Boffo, 69 anos, levou café com leite e bolachas para os bombeiros e policiais que trabalham a partir do Colégio Dom Bosco, onde ficam pousadas as aeronaves. Ela explicou que mora no prédio da frente e percebeu que os homens não tiverem tempo de comer. À noite outra oferta. Um rapaz avisava que a família convidava para jantar.

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A ajuda é muito bem-vinda, mas a cidade não vê a hora em que todos irão embora. Não é coisa de mal-agradecido, apenas de quem deseja que a água baixe e a vida possa ser retomada.