A justiça birmanesa rejeitou nesta quinta-feira o pedido de fiança para dois jornalistas da Reuters acusados de violar “segredo de Estado” após uma investigação sobre a crise dos rohingyas.
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A ONU, os Estados Unidos e a União Europeia, muito preocupados com os ataques à liberdade de imprensa, apesar da chegada ao poder de um governo civil liderado pela Prêmio Nobel da Paz Aung San Suu Kyi, solicitaram reiteradamente a libertação dos jornalistas sem condições.
“O tribunal decidiu rejeitar sua liberação sob fiança”, declarou o juiz depois de várias horas de audiência.
Wa Lone, de 31 anos, e Kyaw Soe Oo, de 27, são acusados pela polícia de possuir documentos relacionados às operações das forças de segurança no estado de Rakine (oeste). Quase 690.000 muçulmanos rohingyas que vivem no oeste de Mianmar se refugiaram no Bangladesh vizinho desde o final de agosto, fugindo de uma ofensiva do exército birmanês, apontada como uma “limpeza étnica” pelas Nações Unidas.
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Na semana passada, o diplomata americano Bill Richardson, próximo de Aung San Suu Kyi, demitiu-se de um comitê consultivo sobre a situação no oeste do país, após uma “resposta furiosa” da Nobel a seus apelos para libertar os dois jornalistas birmaneses.
Desde a dissolução da junta militar, em 2011, alguns meios de comunicação independentes surgiram em Mianmar, mas ainda existem leis que ameaçam a liberdade de imprensa.
Embora o país tenha abolido a censura em 2012, os jornalistas birmaneses acreditam que a autocensura continua muito forte, especialmente quando se trata de questões do exército ou religião, num país marcado pelo nacionalismo budista.
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Mianmar ocupava o 131º lugar de 180 no ranking de liberdade de imprensa em 2017 da Repórteres Sem Fronteiras.
* AFP