Com mais de 30 anos, carimbei meu passaporte para um intercâmbio no Canadá. Não foi bem uma escolha. Minha empresa de assessoria de imprensa foi contratada para um serviço no exterior e, mesmo sem a fluência do inglês, embarquei numa viagem de intercâmbio que mesclou trabalho e estudo. Aos 34 anos, fui aprender o idioma em Toronto, no Canadá. E descobri que o país tem sido o destino de 66% dos brasileiros que saem do Brasil para estudar fora, dados da Associação Brasileira de Organizadores de Viagens Educacionais e Culturais. Os Estados Unidos estão em segundo lugar, porém bem atrás com 17,5%, seguido por Reino Unido com 15%.
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Embarquei no feriado de 7 de setembro. A viagem é longa e no dia 8 de setembro cheguei à nova cidade. Como estava previsto, a escola Quest Language Studies providenciou meu translado. Em 20 minutos já estava na minha nova casa, local onde me estabeleceria pelos 30 dias seguintes.
Toquei a campainha e a senhora de sorriso fácil me atendeu. A jamaicana Andrea, não miss Scott como tentei chamá-la, me apresentou a casa, meu quarto e um colega estudante (francês, de nome Henri) que também estava de passagem por lá. Foi ele quem logo se ofereceu para me mostrar o percurso até a escola, afinal, no dia seguinte começaria a grande aventura. A quem possa interessar, toda essa movimentação positiva não reduziu o frio na barriga. Ansiedade, angústia e as dúvidas sobre o que viriam pela frente foram sensações muito fortes na estreia.
O Mercado Público é uma opção para provar a famosa mostarda do país. Foto: Ricardo Ruas/Divulgação
A metodologia da escola é muito bacana. Toda segunda-feira entram novas pessoas e toda sexta-feira saem alguns alunos. Você pode fazer de duas a 24 semanas de curso. No teste inicial de nivelamento, obtive nível oito na conversação e cinco na gramática, em uma escala que vai até 11. Mas levei pelo menos três dias para me acostumar e conseguir compreender o conteúdo em classe. Contei com a ajuda da orientadora pedagógica e professora Charmaine Mergulhão. Superprestativa, ela sempre esteve presente e organizou “eventos” para entrosar o grupo.
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Essa participação dela nem seria tão necessária. Como todos na escola eram intercambista de diferentes partes do mundo, todos estavam no mesmo clima de conhecer gente nova. Tive contato com pessoas de diferentes idades, diferentes nacionalidades. E tinha até brasileiro. Mas como todos estavam com o mesmo objetivo, quase não ouvi nada em português dos meus conterrâneos. Todos falavam somente em inglês mesmo fora da escola, onde isso é regra.
Com meus novos amigos fui a pontos turísticos, a bares, pubs ou simplesmente circulei pelo metrô para ouvir histórias de quem está em Toronto a mais tempo do que eu. Na minha turma de passeio éramos dois brasileiros, um italiano, dois colombianos, quatro japoneses, um árabe, um francês e dois canadenses.
Essa Torre de Babel é sinônimo de construção. Você fica mais forte, aprende que a vida é incrível e que o mundo é o quintal de sua casa. Percebe que, apesar das diferenças culturais, tem muita gente bacana afim de relacionamentos.
Ao final do intercâmbio me despedi com um misto de sentimentos. Feliz por voltar, triste por deixar a cidade e as pessoas que me acolheram. Se pudesse escolher, faria de novo. Um intercâmbio é a melhor experiência de nossas vidas.
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As cataratas de Niagara Falls também estiveram no passeio do jornalista. Foto: Ricardo Ruas/Divulgação
Diquinhas infalíveis
– Leve seus novos amigos a um bar brasileiro. Será a chance de apresentar nossa cultura. Aproveitei para mostrar vídeos da minha região.
– Toronto tem praia. Umas das mais conhecidas é Woodbine. É um balneário bacana, com casas chiques e um clima familiar. Tem vôlei na areia, stand-up paddle e até água de coco.
– Toronto tem muitos estrangeiros. Por ter tanta nacionalidade, a comida é bem diversificada.
– Escolha uma boa empresa de intercâmbio que possa dar suporte no Brasil caso algo aconteça.
– O Canadá tem vinhos próprios, reconhecidos mundialmente e tem também cervejas.
– As escolas de inglês para estrangeiros costumam manter calendários de eventos com a programação mais barata e até gratuita.
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– Na Quest Language Studies, por exemplo, eu comprei os tickets para minha ida a Niagara Falls. Paguei quase 30% mais barato do que se fosse comprar direto com a empresa.
– A carteirinha de estudante também tem validade em muitos locais. Sempre consulte se pode usar ela para abater os valores de ingressos.
– Toronto é uma cidade plana e muita gente utiliza a bicicleta, inclusive para ir à balada (entre 22h e 2h – horário máximo permitido para vender bebida alcoólica) ou à universidade.
– Sim, tem verão, mas também tem vento e as noites podem ser frias. A temperatura varia bastante. Na primeira semana peguei dias com 28 graus. Na semana seguinte fazia oito em pleno meio-dia. Leve uma mala mesclada.
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– Não se acanhe na escola. Aproveite para fazer amizades e sugira programas pós-aulas. Meu período de estudo era das 9h às 14h15min de segunda a sexta. Depois, hora de conhecer a cidade.
– Não se esqueça de fazer um seguro-viagem. Custa por volta de R$ 300 e você viaja tranquilo.
* Ricardo Ruas é jornalista, especialista em Gestão do Marketing e em Gestão da Comunicação Empresarial, também é sócio-diretor da Oficina das Palavras.