Quem nunca sentiu-se uma das pessoas menos inteligentes da classe, tirou zero nas provas e teve notas baixas no bimestre? Quem nunca sentiu-se sozinha e sem amigos? A jornalista e escritora joinvillense Vanessa Bencz já passou por isso e conta que não foi nada fácil. Mas conseguiu superar todos os obstáculos da vida escolar e hoje é uma pessoa feliz e realizada.

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Quando estava em idade escolar, ela recebeu o apelido de garota distraída. Sofreu bullying por parte de alunos e professores, e chegou a pensar que nunca seria uma pessoa “normal”. Foi uma longa jornada até descobrir que poderia ser feliz e ter uma vida igual à de seus colegas.

– Eu era bem tímida, chegava a tirar zero e tinha pouquíssimos amigos. Até que aos 15 anos, surgiu a preocupação com o que estava acontecendo e pedi ajuda aos meus pais, que me levaram para conversar com uma psicóloga – diz Vanessa, contando que chegou para a consulta e falou que era muito burra, só tirava notas baixas e que, ao contrário dela, seus irmãos eram bons nos estudos.

Esse pensamento não era à toa, já que ela sofria muita discriminação. Além do apelido de garota distraída, pelo qual era chamada, era tratada pelos professores como uma aluna que não tinha mais solução.

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– Eles me diziam que meus pais deviam ter muita vergonha de mim – conta a escritora.

Diante da reação de Vanessa, a psicóloga decidiu fazer uma série de testes, durante um mês inteiro.

– Ela disse: vamos ver se você é burra – diz a jornalista, que tirou nota máxima em todos os testes.

– O que acontecia é que eu tinha outra maneira de aprender e os professores não estavam sabendo utilizar o método certo.

Vanessa começou a ler livros mais adequados a sua idade e passou a sentir-se bem melhor e mais participativa. Ela passou no vestibular para o curso de Jornalismo com nota máxima na redação.

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A vida na faculdade foi muito diferente. Ela destacou-se em diversas disciplinas e recebia incentivo dos professores. Hoje, aos 28 anos, é jornalista e escritora, e faz trabalho voluntário nas escolas de Joinville.

Trabalho voluntário e “apaixonante”

Passar por um longo período de discriminação e baixa autoestima fez de Vanessa uma pessoa sempre pronta a ajudar aqueles que se sentem inferiores e pensam que não poderão mudar nunca. Após o tratamento com a psicóloga e a descoberta de que “não era burra”, ela começou a escrever pequenos textos sobre a sua vida durante a infância e a adolescência, e como aconteceu a mudança. Esses cerca de 20 textos acabaram virando um livro.

Relato do Sol conta as várias passagens da vida de Vanessa até entrar para a faculdade de Jornalismo. Fala sobre sua infância, vida escolar, as brincadeiras de criança e até a separação de seus pais. A publicação foi contemplada pelo Sistema Municipal de Desenvolvimento pela Cultura (Simdec), que colocou como contrapartida a doação de 250 livros para escolas públicas de Joinville.

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Mas Vanessa achou que precisava fazer mais do que doar livros. Queria levar a cada escola, alunos e professores a sua experiência. E mostrar que é possível realmente mudar.

Hoje, Vanessa faz palestras nas escolas, o que ela chama de bate-papo com alunos e professores.

– Está sendo uma experiência incrível – afirma, explicando que conta sua história a estudantes de 10 a 18 anos, muitos dos quais escrevem cartinhas falando o que pensam e o que sentem (veja uma delas abaixo).

Todas guardadas com muito carinho. A escritora conta que muitos alunos ficam chocados com suas histórias, mas, ao mesmo tempo, sentem-se incentivados.

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Por enquanto, Vanessa concentra suas palestras em Joinville, mas garante que está aberta a experiências em outras cidades. Já esteve em cerca de 10 escolas. No início, oferecia suas palestras, porém, hoje, recebe convites para contar sua experiência.

– É um trabalho voluntário, pelo qual sou totalmente apaixonada – diz a escritora, que deixou seu emprego para se dedicar à atividade.

Vanessa também tem um blog, chamado Garota Distraída, que pode ser acessado no endereço http://garotadistraida.wordpress.com.

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Cartinha de um dos alunos para Vanessa

Bianca Farias, 16 anos

EEB Dr. Jorge Lacerda

Amei a visita da Vanessa na escola, compartilhando a experiência de sua vida e levantando o nosso astral. Nos trouxe um incentivo que mostrou que todos somos capazes quando queremos algo na vida.

Estou muito feliz com a visita, que me mostrou que somos capazes e me motivou a seguir o sonho de fazer medicina e tenho certeza que não fui a única a se sentir motivada. Só quero agradecer pela visita e pelo incentivo a ser feliz. Desejo toda a felicidade à Vanessa e sucesso ao casal.