A jornalista e ativista franco-brasileira Manuela Picq, que se livrou de ser expulsa do Equador após ter sido detida durante protestos violentos contra o governo, disse que viajará ao Brasil nesta sexta-feira porque caiu em um “limbo jurídico” que a impede de permanecer legalmente no país.

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“Para nós, parece mais adequado voltar ao Brasil (…) e continuar com o pedido de visto do Mercosul no Brasil”, o que em teoria lhe permitiria voltar ao Equador, disse Picq em coletiva de imprensa.

A mulher de 38 anos, companheira do líder opositor indígena Carlos Pérez, anunciou a decisão de deixar o Equador temporariamente, pois não conseguiu que a justiça reativasse seu visto, que foi revogado.

Picq foi detida há uma semana quando participava de uma marcha, em Quito, ao lado do companheiro, durante um protesto contra o presidente Rafael Correa, que terminou em violentos confrontos que deixaram dezenas de detidos e feridos, muitos deles policiais.

As autoridades revogaram seu visto e iniciaram um processo para conseguir sua deportação, mas uma juíza negou o pedido de expulsão da jornalista na segunda-feira.

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“Espero poder retornar o mais breve possível para continuar com as atividades profissionais”, disse Picq, que, além de colaborar com meios de comunicação internacionais, como o canal Al Jazzera, é professora de uma universidade privada.

A ativista disse à imprensa que resolveu deixar o Equador de comum acordo com seu companheiro, com o desejo de ficar perto da família e iniciar os trâmites de um visto do bloco regional Mercosul para trabalhar no Equador.

“Vamos ficar separados por um tempo e vou me afastar para assegurar meu bem-estar físico”, disse Picq.

O chanceler equatoriano, Ricardo Patiño, justificou a revogação do visto da jornalista.

Picq “teve o visto revogado porque estava desenvolvendo atividades políticas e estava no meio de uma atividade de violência e agressão ao patrimônio histórico de Quito”, disse Patiño ao canal Ecuavisa.

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A franco-brasileira deve deixar a capital equatoriana durante a tarde.

Seu caso foi assumido por um setor dos indígenas e da oposição como uma nova bandeira de luta contra o governo de Correa, ao qual acusam de realizar políticas que buscam retirar dos nativos a gestão da água, da terra e da educação em seus territórios ancestrais.

Os indígenas contrários ao governo rejeitam uma emenda constitucional em trâmite que permitiria a Correa, no poder desde 2007, se candidatar às eleições de 2017.

* AFP