Não vejo muitas perspectivas para os problemas de mobilidade urbana. É uma calamidade global. Florianópolis para em boa parte da manhã e tarde. Nem mesmo as grandes capitais na Europa e Ásia, que dispõem de excelentes sistemas de metrô, estão livres dos congestionamentos. Moscou conta com mais de 300 quilômetros de metrô e atende cerca de 9 milhões de passageiros por ano, mas registra grandes engarrafamentos. Paris, com 400 quilômetros de metrô, vive parada. Tóquio oferece uma espetacular e pontual rede de metrô e trens e ainda assim registra tranqueiras no trânsito, apesar do alto custo para manter um automóvel no Japão.

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Quem tem mais de 60 anos lembra que o Brasil chegou a dispor de um razoável sistema de trens de passageiros e de cargas. Era um modelo incipiente, mas com excelentes perspectivas. Só que o lobby da indústria automotiva (e das construtoras de estradas), inspirado pelo governo Kubistchek, atropelou os trens em troca dos caminhões. Era o plano nacional de erradicação de ramais ferroviários. Hoje discute-se a construção das ferrovias do Frango, entre o Oeste e o litoral, e a Litorânea, ligando os cinco portos catarinenses. São projetos para recuperar um atraso histórico. O mesmo ocorreu com os sistemas de bondes e trólebus nas grandes cidades. Em vez de ser modernizado, as prefeituras optaram pela eliminação.

Quase nada adianta construir novas pontes, viadutos ou abrir largas avenidas. É preciso criar condições para que os motoristas deixem os carros nas garagens e optem por um sistema de transporte coletivo eficiente e de qualidade. É preciso discutir formas de aumentar os custos de quem deseja manter-se acomodado em um automóvel. Sem isso, só restará reclamar do tempo perdido nos constantes congestionamentos.