Uma câmera, um bloquinho e a vontade de contar histórias transformaram o mundo de Mariana Feitosa, 22 anos. Recém-formada na faculdade de Jornalismo da Univali, a jovem colhe os frutos do Trabalho de Conclusão de Curso (TCC). No livro Callejeros – Artistas da Rua ela traça o perfil de quatro artistas que trabalham no meio da rua em Balneário Camboriú, Itajaí e Madrid, na Espanha, através de 160 fotos. Ao todo foram mais de 3 mil imagens captadas.

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O projeto ganhou repercussão nas redes sociais e portais (o site Catraca Livre publicou um post especial esta semana) por mostrar a arte de rua de um outro ângulo, longe da marginalização que habita o pensamento popular. Para curtir as imagens basta acessar issuu.com/marianasfeitosa. Em entrevista ao Anexo ela contou detalhes sobre o projeto:

Como surgiu a ideia de fazer o livro?

Eu me envolvi com teatro ainda na Univali. Fiz parte por três anos do grupo Alunos do Exercício Cênico Anchieta (Aeca) e neste momento tive certeza de que queria fazer um TCC que envolvesse o teatro de rua justamente por pesquisar, buscar referências e perceber que não havia nada que falasse destes artistas e deste universo. No quinto período ganhei um intercâmbio para a Espanha e fiquei lá por um mês. Foi o bastante para perceber a intensidade que tem a arte de rua, principalmente em Madrid, e decidir que meu livro tinha que conter o Brasil e também a Espanha.

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Qual é a mensagem que você quer repassar às pessoas?

O meu maior objetivo é acabar com esse pensamento comum de que arte de rua marginalizada é “menos arte”. Por retratar o cotidiano, a paixão e a história dessas pessoas que passam anônimas no nosso dia a dia eu penso que posso fazer as pessoas entenderem que essa arte existe e é uma manifestação cultural tão repleta de beleza quanto qualquer superprodução dos palcos.

O que você aprendeu durante essa jornada?

Eu posso te dizer que nasceu uma nova Mariana. Eu tive certeza de como a gente é mesquinho e fechado em nossos mundos. Incapazes que olhar para os lados e perceber a beleza nos outros. Eu aprendi como jornalista o poder de um olho no olho, descobri que é impossível não se envolver com a história da fonte e tive certeza que é isso que eu quero fazer para o resto da vida.

Como você selecionou os entrevistados?

Eu acho que foi mais sorte e bênçãos do que qualquer coisa (risos). As entrevistas que foram para o livro quase que caíram do céu pra mim. Eu peguei a câmera, baterias, um bloquinho e saí para andar nas ruas. Foi assim tanto na Espanha como aqui em Itajaí e Balneário. Eu acabei escolhendo as histórias que mais me cativaram. Seja no sentido de emoção, amor à arte ou inusitado mesmo.

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Como foi a repercussão do projeto?

Na verdade ela está acontecendo mais intensamente agora, seis meses depois de eu ter terminado o material. O Coletivo Cultural Vitamina Coletiva, atuante aqui no Litoral Norte, apoiou e difundiu o projeto logo que lancei. Isso já foi legal e tornou a iniciativa conhecida aqui pertinho. Pra mim a repercussão mais bacana foi a de ver os meus entrevistados verem as fotos e se emocionarem com os perfis. Valeu cada letra. Meu objetivo agora é publicar o livro através da Lei de Incentivo à Cultura ou financiamento.